A Grande Resignação, ou no inglês, Great Resignation, termo frequente em debates sobre RH na Europa e nos Estados Unidos, usado para mostrar a disposição de trabalhadores trocarem de emprego, ganha força no Brasil com a chegada do movimento também no país. Nos últimos 12 meses até maio, o país registrou 6,175 milhões de pedidos de desligamentos pelos próprios trabalhadores, segundo os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o que é recorde. Esse foi um dos temas abordados no 31º Concarh, Congresso Catarinense sobre Gestão de Pessoas, quinta e sexta-feira, em Florianópolis, quando especialistas discutiram alternativas para empresas reterem talentos.

Continua depois da publicidade

Receba notícias do DC via Telegram

A busca por qualidade de vida, propósito e por funções condizentes com suas formações específicas tem motivado as pessoas a pedirem demissão e buscarem outras oportunidades no mercado.
Na opinião do presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos em Santa Catarina (ABRH-SC), Edio Bertoldi, esse movimento motiva gestores e empreendedores a repensar estratégias na gestão de RH.

André Arcênio, Concarh 2022, Divulgação
Edio Bertoldi, presidente da ABRH-SC, falou sobre a “Grande Resignação” (Foto: André Arcênio, Concarh 2022, Divulgação)

– As pessoas querem, cada vez mais, um equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Elas buscam espaços onde são respeitadas pelo que são, valorizadas, e que possam se ver dentro de um propósito – avalia Bertoldi.

O presidente da ABRH Blumenau, Diogo Angioleti, afirma que a pandemia acelerou a tomada de decisões dos profissionais, que já queriam mudar os rumos das carreiras. Com a Covid-19, as pessoas perceberam que tudo o que queriam fazer era possível, observou ele.

Para Diogo Angeloti, este período que permitiu – e até exigiu – um autoconhecimento proporcionou que se entendesse o que fazia ou não sentido nas carreiras, o que estava ou não alinhado aos propósitos e abriu caminho para que esses pedidos de demissão começassem a tomar volume. Neste sentido, as empresas que notadamente não estavam interessadas em acolher estes anseios automaticamente acabaram abrindo mão dos profissionais.

Continua depois da publicidade

Mas para as empresas enfrentarem melhor a Grande Resignação (Great Resignation, em inglês), retendo os talentos que desejam, Diogo Angeloti dá três conselhos básicos.

O primeiro, segundo ele, é revisar e fortalecer a cultura empresarial o os valores das pessoas. Isso porque ele avalia que não necessariamente estes profissionais estão saindo das empresas porque estão descontentes, mas porque querem experimentar novas frentes.

Segundo conselho do especialista é flexibilizar a jornada de trabalho. Na avaliação dele, isso engloba questões como jornada de trabalho, menos dias de trabalho e novas formas de benefício para se tornar atrativo.

– E mesmo assim essa não é uma garantia de que a pessoa irá ficar, porque aquela teoria de que alguém deveria trabalhar a vida toda em uma única empresa não existe mais – alerta ele.

Continua depois da publicidade

André Arcênio, Concarh 2022, Divulgação
Diogo Angeloti defende flexibilizar a jornada de trabalho para não perder profissionias (Foto: André Arcênio, Concarh 2022, Divulgação)

E o terceiro conselho de Diogo Angeloti é as lideranças empresariais entenderem o papel delas nesse contexto. Isso inclui ouvir com atenção o que os colaboradores têm a dizer.

– A liderança é fundamental para o bom andamento da empresa e o diálogo, a troca, entre essas partes é o que conecta as pessoas para que elas se sintam parte e queiram ficar – explica Angeloti.

Leia também

Congresso aborda desafios da gestão de pessoas sob impactos da pandemia