Lideranças do agronegócio de Santa Catarina estão otimistas com a autorização para a construção da ferrovia Cascavel-Chapecó, assinada nesta quinta-feira pelo governo federal. O investimento privado, estimado em R$ 6 bilhões pela Ferroeste, é visto como estratégico para trazer grãos ao Oeste e manter as agroindústrias de carnes na região. Mas essa obra também preocupa o governo e o setor logístico catarinenses porque deve desviar cargas dos portos do Estado para Paranaguá.

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O Sindicato das Indústrias de Carnes de Santa Catarina (Sindicarnes-SC) e a Associação Empresarial de Chapecó (Acic) apoiam o projeto porque ele poderá reduzir em cerca de 30% o custo de grãos, como milho e soja, para a região. SC consome cerca de sete milhões de toneladas de milho por ano e importa cinco milhões de outros estados e regiões. Por isso, um acesso ferroviário com a região produtora de grãos do Centro-Oeste é um sonho de décadas para o setor.

Além de lideranças empresariais do Oeste, políticos como os senadores Esperidião Amin e Jorginho Mello e a deputada federal Caroline de Toni se manifestaram a favor da nova ferrovia, considerando os benefícios ao agronegócio. O governo federal autorizou a realização de nove obras dentro do Programa Pro Trilhos, que devem somar R$ 50 bilhões em investimentos privados e acrescentar 3,5 mil quilômetros de ferrovias. Desde que aprovou o projeto que facilita investimentos privados no setor, o Ministério da Infraestrutura recebeu 36 propostas de ferrovias que podem somar investimentos de R$ 150 bilhões.

A ligação Cascavel-Chapecó integra projeto da Ferroeste, estatal do Paraná que conseguiu aprovação para ferrovia entre Maracaju, no Mato Grosso, e o Porto de Paranaguá. Além de fazer os projetos, a empresa terá que conseguir investidores e a obra toda é orçada em R$ 29 bilhões. Os trechos principais podem ficar prontos até 2029.

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Com essa ligação até o litoral, a ferrovia também deverá levar contêineres das agroindústrias até o Porto de Paranaguá, tirando boa parte da movimentação portuária catarinense. Isso deve causar queda no movimento econômico e arrecadação de impostos no litoral do Estado.

Questionado sobre esse risco na entrevista que concedeu para mim e para a colega Dagmara Spautz no final do mês passado, o governador Carlos Moisés disse que o desenvolvimento dos outros estados a gente tem que aceitar. O que não pode é Santa Catarina ser prejudicada.

Segundo ele, em breve o governo fará uma licitação para fazer projetos para avançar em ferrovias. O plano é interligar a malha ferroviária do Planalto Norte até Chapecó. Isso não deixará Santa Catarina de fora dessa possibilidade de conexão das cargas do Oeste com os portos estaduais, disse o governador.

Como os investimentos privados em logística são mais rápidos, o Estado precisa ser ágil em ampliar também sua malha ferroviária. A oferta de grãos por preço mais acessível vai fortalecer a economia do Oeste. Mas a região do litoral precisa buscar soluções para compensar eventuais perdas em atividades econômicas e tributos em função da migração de cargas para Paranaguá. 

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