O mercado catarinense e brasileiro foi surpreendido hoje por mais uma aquisição internacional. A Tecnoblu, icônica produtora de etiquetas tecidas e tags para marcas de moda, de Blumenau, foi adquirida pela líder mundial do segmento, a canadense CCL, que atua no Brasil com a empresa de tecnologia Checkpoint. Esse investimento da CCL mostra que o setor têxtil do Estado, líder nacional em valor de transformação industrial e maior empregador da indústria local, atua com tecnologia de ponta e sustentabilidade, afinado com os desafios do presente e do futuro.
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O negócio de R$ 85 milhões vai trazer para Blumenau a sede da Checkpoint no país, como antecipou o colega colunista Pedro Machado. Fundada há 27 anos por Cristiano Buerger e mais três jovens da cidade, Sérgio Pires, Edmur Polli e Daniel Altenburg, a empresa iniciou atividade com foco em alta qualidade, colaboração para identidades de marcas e sintonia com os desafios do setor. Prova de que a estratégia deu certo foi a realização dessa venda internacional.
Empresa de Blumenau é vendida por R$ 85 milhões a multinacional bilionária do Canadá
– A Tecnoblu tem mais 1.300 clientes (marcas) em sua carteira. Entre esses estão os maiores players do mercado, que a partir de agora, poderemos atender também com as etiquetas com dados variáveis, RFID, transfer e os softwares da Checkpoint.
Acho que esse foi um diferencial importante – afirmou Cristiano Buerger sobre essa nova etapa da empresa.
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Especializada em fortalecer a ID (identidade de marcas) com as mesmas impressas em botões e tags, a Tecnoblu se destacou no mercado e também reforçou o associativismo inovador. Foi uma das fundadoras do movimento Santa Catarina Moda e Cultura (SCMC) que projeta o design da moda do Estado, e também participou da fundação da Denim City em São Paulo, segunda escola de jeans do mundo, onde mantém um showroom.
O setor têxtil catarinense é um dos mais longevos e consolidados do mundo. Conta com duas empresas com mais de 140 anos, a Cia Hering, de Blumenau, vendida em julho do ano passado para o grupo brasileiro Soma, e a Döhler, de Joinville. Outras, como a Karsten e Lepper, já ultrapassaram os 100 ans e a Altenburg também se tornará centenária em fevereiro deste ano.
A partir dessas empresas pioneiras e outras surgiram centenas de fornecedores industriais, entre os quais a Tecnoblu. Também deram base para a criação de centenas de empresas de confecções e de serviços indiretos. Com todo esse dinamismo, as empresas têxteis e de confecções lideram a geração de emprego na indústria de transformação do Estado, com mais de 170 mil vagas diretas (dados da RAIS de 2019) que, com as indiretas, superam 250 mil.
Um exemplo de como a indústria da moda catarinense avançou em tecnologia para preservar o meio ambiente é a nova produção de jeans da Malwee, que usa apenas um copo de água para cada calça fabricada. Em entrevista que me concedeu no final de 2019, quando a Tecnoblu fez 25 anos, Cristiano Buerger disse que num prazo de 10 anos SC faria o jeans mais sustentável do mundo. Esse produto chegou rápido, em 2021.
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O fato de o Brasil ter um mercado consolidado e competitivo no setor têxtil, que inclui desde a produção de matérias-primas até design de moda, facilitou a decisão do grupo canadense de adquirir uma empresa sediada no principal polo têxtil brasileiro. A Tecnoblu, com marca que resultou da junção das iniciais de “tecnologia de Blumenau”, segue crescendo na cidade, embora com dono internacional.