O empresário José Marciel Neis assumiu na noite de quinta-feira a presidência da Associação Empresarial da Região Metropolitana de Florianópolis (Aemflo) e da Câmara de Dirigentes Lojistas de São José (CDL-SJ) entidades que têm quase 4 mil associados e representam a quinta maior economia do Estado. Neis, que sucede Nadir Koerich, primeira mulher a presidir a entidade, afirma que ser vizinho de Florianópolis é bom para a economia de São José, atrai mais empresas, em especial de tecnologia. Mas ele alerta que os maiores problemas são falta de mobilidade e de segurança pública.
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Empresário do setor de transporte de passageiros, sócio da Alexandre Turismo, ele entrou no associativismo em entidades do setor e está na Aemflo desde 2000. Segundo Neis, o grande desafio da pandemia para a maioria das empresas foi adotar protocolos preventivos e a economia vai retomar crescimento mesmo com todos os setores somente no ano que vem. Veja os principais trechos da entrevista:
Por que o senhor escolheu como slogan do mandato Integrando forças empreendedoras?
– A essência do associativismo é a união. Temos outras entidades empresariais na Grande Florianópolis e acredito que precisamos trabalhar unidos para, de fato, fazer a diferença para a sociedade. A união dos empresários e das entidades consegue fortalecer e atingir os objetivos que são melhorar o dia a dia das empresas e dos seus colaboradores.
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São José é a quinta maior economia do Estado, mas, muitas vezes, recebe menos atenção do que outras cidades por estar ao lado de Florianópolis. O fato de ser vizinha da Capital ajuda ou atrapalha?
– É uma oportunidade estar ao lado de Florianópolis porque temos um parque fabril, mais espaço físico. Também aproveitamos o boom tecnológico da Capital, que acaba gerando empresas do setor também em São José (município com 250 mil habitantes). Vejo como uma oportunidade de alavancar ainda o crescimento das empresas e da economia do município. O setor de tecnologia está crescendo além de Florianópolis e a Aemflo está atenta a isso, dando suporte. Temos na nossa nova sede espaço para locação por empresas de tecnologia.

De que forma o governo estadual poderia colaborar mais para melhorar a economia da região?
– A grande ajuda que o governo do Estado poderia dar para nós é efetivamente cobrar as ações de infraestrutura. O município de São José é um dos mais afetados do Brasil por dificuldades quando se fala em mobilidade. Estão fazendo as obras para a terceira pista na BR-101, mas são muito lentas. Em um lado, fizeram a terceira faixa em três ou quatro meses. Agora, vão demorar oito meses para fazer o lado oposto. Não faz sentido essa demora. Temos também o contorno rodoviário da Grande Florianópolis, com um atraso de 10 anos. Além disso, temos falta de segurança pública em função de muitos moradores de rua.
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Quais são os caminhos para resolver esse problema de segurança pública?
Precisamos de ação conjunta da prefeitura e do governo do Estado para resolver esse problema. Isso porque não adianta tirar uma pessoa da rua se não tem onde colocar. Eu tive uma reunião com o prefeito Orvino Coelho de Ávila, de São José, para, num esforço conjunto, tentar incluir esse pessoal de rua numa capacitação. Acredito que assim será possível a gente resgatar essas pessoas e trazê-las de volta para a sociedade. Hoje temos muitos assaltos, roubos de fios, de interfones e outros delitos. É necessária uma ação de toda a sociedade. Não podemos esperar somente pela polícia. Esse é um problema regional que precisa de uma ação conjunta do setor público e entidades privadas.
Qual foi o grande desafio das empresas na pandemia e como está a recuperação?
– O grande desafio na pandemia foi criar os protocolos de segurança. Teve muita desinformação e isso dificultou e dificulta para a sociedade. É importante definir protocolos e fazer com que as empresas e todos os demais cumpram. Assim, a economia pode voltar a funcionar. No meu ramo de trabalho, por exemplo, transportamos trabalhadores para várias fábricas, todos ônibus com 50% de lotação. Concluímos que essa alternativa é mais segura do que pegar carona. Não tivemos casos de Covid-19 nos ônibus. É preciso criar ambiente seguro e fazer a coisa acontecer. As empresas seguem a prevenção e a economia dá sinais de reação.
Como o senhor está vendo a retomada das atividades econômicas?
– Eu trabalho muito com prestação de serviços para indústrias, empresas comerciais e de serviços. Vejo uma retomada. Muitas empresas estão investindo e enfrentando falta de matérias-primas em função da maior atividade econômica. Mas ainda temos uma demanda reprimida em vários setores que, a partir do momento em que a maioria da população estiver vacinada, teremos um boom de consumo. Esses setores afetados são principalmente os de eventos e gastronomia. Penso que teremos uma retomada no segundo semestre, mas a grande aceleração será a partir do ano que vem com todos os setores trabalhando em 100% da sua capacidade.
A Aemflo acaba de construir uma grande sede própria, às margens da BR-101. Que serviços a mais poderá oferecer aos associados com a nova estrutura?
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– O grande objetivo da construção da nova sede é oportunizar novos serviços para os associados. Um dos destaques da associação é a oferta de diversas opções de planos de saúde para empresas e colaboradores a valores muito acessíveis. Com a nova sede, poderemos oferecer mais cursos para empresários e trabalhadores utilizando a estrutura disponível. Investimos R$ 16,2 milhões de recursos próprios no novo prédio. A entidade obteve os recursos com a prestação de serviços aos associados nos últimos anos.