Empresas de comércio exterior e prestadores de serviços ficaram apreensivos nesta quinta-feira ao receberem comunicado da multinacional APM Terminals informando que não vai mais operar o terminal de contêineres do Porto de Itajaí a partir de 31 de dezembro deste ano. Explicou que fez diversas tentativas para um acordo com a prefeitura que viabilizasse trabalhar durante o ano que vem, até o leilão do porto que está sendo organizado pelo governo federal acontecer, mas não teve êxito.
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– Nas últimas semanas, a APM Terminals buscou incansavelmente soluções para manter suas operações em Itajaí no ano de 2023, pelo período que precederá o novo contrato de concessão do porto do município. As alternativas apresentadas pela empresa buscavam uma transição sem interrupções do ponto de vista operacional e que fosse financeiramente sustentável, garantindo a manutenção dos empregos, da arrecadação de impostos e o atendimento das necessidades dos clientes. Infelizmente, não houve sucesso nestas negociações – informou a empresa por meio de nota.
A prefeitura, que detém a concessão do porto, promoveu um leilão para escolher uma empresa para o período de transição. A vencedora de leilão foi a Ctil, do Rio Grande do Sul, sem experiência na atividade.
A empresária Aline Martins Faraco, sócia da empresa de comércio exterior Faracomex, disse que a informação desta quinta-feira gerou tensão no setor. Segundo ela, falta uma transição porque os todos os processos de cargas são automatizados, o que exigiria uma transferência formal de contratos para a nova empresa operadora. Como está faltando esse processo, muitas empresas de comércio exterior estão transferindo cargas para os portos de Itapoá e Navegantes.
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– O mercado está super aquecido em Santa Catarina e o Porto de Itajaí é extremamente importante. O que me preocupa são os navios que já estão no mar. Uma carga da China demora 45 dias para chegar aqui – afirma Aline Faraco.
O empresário Antonio Carlos Guimarães, sócio da SC Portos, avalia que essa situação causada pelo poder público municipal vem gerando uma situação de insegurança para todo mundo que depende da movimentação do porto. A SC Portos segue operando na área pública do terminal. Para ele, o edital que escolheu a empresa CTIL para operar o porto tem diversos pontos contestáveis.
– Mas isso não deve prosperar na Antaq. A agência deu diversos elementos para que o edital venha a ser anulado. Agora, o risco é que não tenha a APM nem outro operador para movimentar contêineres no terminal de Itajaí a partir de janeiro de 2023. Isso gera grande prejuízo para a economia da região, que depende do porto – afirma Guimarães.
A APM Terminals é uma operadora portuária da Maersk Line, da Dinamarca, que adquiriu a alemã Hamburg Süd em 2016. Como a Hamburg é sócia do Porto de Itapoá, ficou difícil concorrer em SC porque o Porto de Itajaí, que é público, tende a ter serviços mais caros que um privado. Agora, em dezembro, vence um contrato de concessão de 20 anos para operar o terminal.
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