Visionário e otimista, o professor Glauco Olinger, 101 anos, foi festejado pelas lideranças da agronomia de Santa Catarina no lançamento do seu livro “De tudo um pouco, sem retórica”, na noite desta terça-feira (14), no Iate Clube Veleiros da Ilha, em Florianópolis. Afirmou que aproveitaria o fato ser chamado de professor para dar dois conselhos para o futuro da economia: difundir mais o modelo cooperativista e priorizar ferrovias.
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Glauco Olinger desenvolveu uma trajetória relevante para o agronegócio brasileiro. Nascido em Lages, cursou agronomia na Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais. Implantou reforma agrária no Paraná, foi fundador da assistência rural em SC com a Acaresc (hoje Epagri), e foi secretário de Agricultura e Educação de SC. Também foi professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), na qual fundou o Centro de Ciências Agrárias (CCA) e presidente da Embrater, empresa do governo federal que disseminou no Brasil a assistência técnica ao produtor rural.
Veja fotos do lançamento do livro de Glauco Olinger:
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Um dos conselhos que deu como professor no evento desta terça foi recomendar maior difusão do cooperativismo. Não economizou elogios ao modelo econômico, que ainda tem muito a contribuir para Brasil e o mundo, na opinião dele.
– Quero agradecer aqui a quem trouxe um tema que eu considero que pode se constituir na salvação dos problemas socioeconômicos do planeta, deste país e de Santa Catarina, que,é o cooperativismo. Em nome de todos os que falaram, quero agradecer as cooperativas agropecuárias de Santa Catarina, na quais eu reputo que são as mais bem administradas de todo o país – afirmou Glauco Olinger.
A outra lição de Glauco Olinger foi uma defesa firme do sistema ferroviário de transportes. Segundo ele, o Brasil, um país continental, ao invés de priorizar ferrovias a exemplo dos Estados Unidos, China e Rússia, priorizou rodovias e, por isso, enfrenta tantos engarrafamentos atualmente. Mas, diferente da solução encaminhada de uma ferrovia ligando o Centro-Oeste ao Paraná para trazer milho e soja, ele defendeu uma linha férrea vinda do Paraguai.
– É uma opção, a nosso ver, equivocada (a ferrovia vinda do Mato Grosso). A prioridade ferroviária, atualmente, é a extensão da esquecida “Ferrovia do frango” até o Paraguai, grande produtor e exportador de milho e soja através do Porto de Paranaguá. Se fizermos uma ferrovia ligando o Paraguai aos portos de SC, reduziria a extensão do transporte porque vagões de milho e soja do Paraguai seriam descarregados no Oeste de SC – disse Glauco Olinger.
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Além de discursar no evento, o professor, que tem duas dezenas de livros publicados, fez questão de autografar a obra de todos que fizeram fila para receber sua mensagem e assinatura. Ele foi ao evento acompanhado da filha única, Glaucia Olinger, e da neta Michele Olinger Brofman.
Entre as autoridades presentes, estavam o secretário de Estado da Agricultura, Valdir Colatto; o secretário executivo de Aquicultura e Pesca do Estado, Tiago Bolan; o presidente da Epagri, Dirceu Leite; os deputados estaduais que são engenheiros-agrônomos José Milton Scheffer e o Marquito (Marcos José Abreu) a representante do Centro de Ciências Agrárias da UFSC, professora Rosete Pescador, a ex-prefeita Ângela Amin, e o empresário Luiz Carlos Neves, colega de Glauco Olinger no Iate Clube por décadas.
– Hoje o Brasil está carente de referências e o Glauco Olinger foi um que ensinou caminhos para muitos engenheiros-agrônomos. Hoje uma profissão muito importante, que fez a diferença para Santa Catarina – disse o secretário Valdir Colatto.
A professora da UFSC, Rosete Pescador, que representou a instituição, ressaltou a relevância das iniciativas de Glauco Olinger de fundar o curso de agronomia e colaborar para a abertura dos cursos de mestrado em engenharia de alimentos e engenharia de aquiculutra.
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– O professor Glauco foi multiplicador de esperanças, qualificou a extensão universitária e atuou pela valorização da agricultura familiar. Importante atuação que resultou na produção de alimentos mais limpos, saudáveis e justos. E, neste sentido, contribuiu para a garantia da segurança alimentar e nutricional das comunidades. Se hoje o território de Santa Catarina é modelo nacional e internacional em tecnologias agropecuárias, cultivo de orgânicos isso não aconteceu por acaso. O papel de Glauco Olinger foi decisivo para o estado atingir esta realidade – afirmou a professora, que escreveu até uma poesia e leu em homenagem a Olinger.
Aliás, neste livro, o centenário escritor conta como foi a participação que teve na implantação da reforma agrária no Paraná, no início da carreira. Também fala sobre aspectos do agronegócio e publica algumas poesias da sua autoria.
– Era a reforma agrária do governo de Getúlio Vargas. Eram três grandes colônias no Brasil: uma no sudoeste do Paraná, outra em Minas Gerais e outra em Dourados, no Mato Grosso. Eu era um dos administradores. Tivemos passagens importantíssimas de briga com cangaceiros e latifundiários é que queriam as terras da União – contou Glauco Olinger.
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