A série de aumentos de preços dos combustíveis tem assustado os brasileiros e preocupado o governo federal. Isso ficou claro na visita do presidente Jair Bolsonaro ao Estado no final de semana. Em Joinville, sexta-feira, ele falou para os empresários que vai sugerir um estudo para evitar reajustes sempre que mudar o preço do barril de petróleo ou a cotação do dólar. Em Florianópolis, sábado, ouviu de um apoiador a sugestão para baixar o preço da gasolina e mostrou atenção, como noticiou a colunista da NSC, Dagmara Spautz.
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Os preços dos combustíveis dependem, basicamente, de dois fatores: do custo internacional do petróleo e da cotação do dólar. Além disso, pesa também o preço do etanol porque é realizada adição de 27% desse combustível na gasolina comum. Há, também, a carga tributária de 45%, que incide sobre os preços. Se sobe, o valor total arrecadado também sobe.
No mercado internacional, a tendência é de preços do petróleo em alta em função da retomada da economia, que causou um aumento geral nos preços das commodities no mundo. Um alívio foi prometido pelos países produtores de petróleo, o de oferecer um acréscimo de 400 mil barris por dia a partir deste mês de agosto, até o final do ano que vem. Isso não seria suficiente para derrubar preços.
Mas o que pode dar um alívio mesmo é o impacto da variante Delta da Covid-19 em grandes economias a partir desta semana. A China indicou novas restrições para evitar a expansão da pandemia e isso derrubou preços de commodities no mercado internacional. Os valores cobrados pelo petróleo também podem recuar.
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Outro fator que impacta no preço dos combustíveis é a cotação do dólar. A alta das exportações brasileiras já poderia estar reduzindo a cotação da moeda norte-americana, mas as instabilidades políticas internas mantêm o dólar em alta.
Embora a eleição presidencial seja em 2022, a campanha, de certa forma, já começou. No Brasil, normalmente o dólar fica pressionado no período eleitoral. Nesta segunda-feira, o dólar comercial estava em R$ 5,27 na manhã, cotação estimada pelo mercado para 2022.
Um problema adicional no preço da gasolina acontece em função do aumento do preço do etanol anidro, que está presente com mistura que vai de 25% a 27% e responde por 15,27% do custo total. Em função da falta de chuvas, houve queda de 20% na produção de cana no país e isso está pressionando para cima os preços do etanol.
Os tributos são percentuais sobre os preços totais dos combustíveis, mas como a carga de impostos responde por cerca de 50%, quando os preços sobem, eles também ficam mais caros. Para reduzir impostos, são necessárias mudanças em leis, tanto por parte do Congresso Nacional, quanto pelas assembleias estaduais. Mas, atualmente, com impacto da Covid-19, ninguém quer abrir mão de receita. A tributação da União responde por 11,7% do preço total do combustível e a dos estados, por 27,4%.
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É difícil fazer frente a um mercado internacional de commodities dolarizado. Por isso, por mais complexo que possa parecer, segundo economistas que acompanham o setor é melhor para a Petrobras e para a economia do país acompanhar as flutuações dos preços do petróleo e do câmbio do que controlar. Quando há controle, a conta chega depois e mais cara, como foi o tarifaço de 2015.
O presidente Bolsonaro pode ajudar reduzindo polêmicas na gestão do país que causam apreensão em investidores e resultam e alta do dólar. O governo também está intervindo ao limitar as atualizações dos preços de combustível para uma média de uma vez por mês nessa nova gestão da Petrobras.