Os recentes aumentos de preços de adubos e defensivos agrícolas causados pela guerra Rússia e Ucrânia iniciada há 19 dias já chegaram às lavouras de Santa Catarina, causando inclusive limitação de oferta de produtos. Mas o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), anunciado pelo governo federal, traz esperança de que o Brasil vai encontrar alternativa viável para produzir internamente e reduzir a importação, que hoje é de 85% desses itens.
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Entre os produtos plantados em Santa Catarina atualmente estão o alho, a cebola e hortaliças. Os agricultores que estão adquirindo fertilizantes para essa safra já pagam mais por esses insumos em função do conflito na Europa.
De Campos Novos, Oeste catarinense, o empresário Felipe Sbrussi, sócio da Comercial Agrícola Juruna, que atua com a venda de adubos, defensivos e sementes em três regiões do Estado, diz que com o setor acontece o mesmo comportamento dos combustíveis. Quando sai um aumento internacional, em breve chega ao agricultor.
Como os insumos agrícolas já vinham pressionados nos últimos dois anos em função da menor oferta na pandemia e frio na Europa, a guerra fez os preços subirem ainda mais. A saca de ureia, por exemplo, um dos produtos mais usados no Estado, era vendida por cerca de R$ 100 a R$ 130 em março do ano passado. Agora, com aumentos de 2021 e os recentes, subiu para R$ 290, até 190% mais, informa o empresário.
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Segundo ele, o impacto maior será nos preços para a próxima safra de trigo, soja e milho, que começa a ser plantada a partir de agosto. Atualmente, em função da dúvida sobre a oferta de produto no mercado, as fábricas de fertilizantes não estão fechando grandes pedidos do varejo do setor para esse período. Fazem vendas pontuais enquanto esperam para ver como o mercado ficará em função do conflito. Se a guerra parar, os preços podem recuar.
Mas o lançamento do Plano Nacional de Fertilizantes, sexta-feira, animou o agronegócio, apesar de ser um tipo de indústria que demora para ser implantada. O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que um dos focos será a desoneração tributária para a produção nacional ser competitiva.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de SC (Faesc), José Zeferino Pedrozo, elogiou a chegada do plano, medida que a entidade vinha cobrando do governo há anos. Para o comerciante Filipa Sbrussi, a maior oferta nacional vai melhorar as condições de abastecimento do setor.
Atualmente, o Brasil é o quarto maior consumidor mundial de fertilizantes e responde por 8% da demanda global. A ideia é elevar a produção local para reduzir a importação de 85% para cerca de 45% no longo prazo.
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Isso porque esse setor exige investimentos bilionários, demora para ser implantado e requer licenciamento ambiental adequado. Vale lembrar que um antigo projeto de fosfateira em Anitápolis, na Serra Geral de Santa Catarina, das multinacionais Bunge e Yara, foi suspenso pela Justiça em 2009 após pressões populares porque causaria forte impacto negativo no meio ambiente.
Além de lançar o plano, o Ministério da Agricultura busca mais fornecedores. A ministra Tereza Cristina está no Canadá, onde tenta fornecimento de mais cloreto de potássio para o país, produto que subiu 170% no ano passado. Por hora, o consumidor tem mais esse aumento de pressão nos preços de alimentos causado pelos agroquímicos, além da alta dos combustíveis, entre outras. A inflação é o impacto mais negativo da guerra para quem está longe dela.