Com maior alta trimestral dos últimos 27 anos, a agropecuária, mais uma vez, salvou o Produto Interno Bruto (PIB) no início deste ano, que cresceu 1,9% enquanto o mercado estimava 1,3%. Mas outros indicadores do PIB foram fracos, investimentos e indústria caíram. Apesar disso, essa arrancada já permitiu à instituições financeiras projetar alta do PIB da ordem de 2,5% este ano.
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Favorecida pelo clima, produtividade maior, dois plantios no mesmo local e preços nas alturas, a produção de grãos do Brasil vai chegar este ano a 313,9 milhões de toneladas, 15,2% mais do que a da safra anterior.
Em Santa Catarina, o clima também ajudou na expansão da produção de soja, que chegará a perto de 3 milhões de toneladas, com crescimento de 15%, estimou a Epagri Cepa. A cultura do milho ficará em de 2,9 milhões de toneladas, também maior que na safra anterior. Outras culturas e a produção de carnes também cresceram.
Apesar da oferta maior, o agro enfrenta agora preços baixos para pagar custo de produção elevado. Por isso, nos próximos meses, a agregação de riqueza pode não ser tão grande como no início deste ano e nos anos anteriores. Em 2022, a saca de soja estava em R$ 180. Agora, está em R$ 130 ou R$ 120.
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O ponto positivo é que será um ano de preços baixos de alimentos, tanto de cereais quanto de proteínas. Isso ajuda a reduzir a inflação, que está alta desde o final de 2020, primeiro ano da pandemia.
Investimento caiu 3,5%
Diferente dos números do agro, os demais indicadores do PIB foram mais baixos ou negativos, retratando as dificuldades da economia brasileira. Os serviços, que têm maior peso e seguem pressionando a inflação, cresceram 0,6% frente ao trimestre anterior. O consumo das famílias ficou em apenas 0,2% e o do governo subiu 0,3%.
Mas a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que indica os investimentos em máquinas e equipamentos e na construção civil, caiu -3,4% no primeiro trimestre frente ao anterior. Isso que o último trimestre do ano passado já foi fraco, com alta de 0,8% desse indicador.
Com menos investimentos em máquinas e equipamentos, a economia cresce menos porque são esses itens que mais geram atividade econômica e emprego. A taxa de investimentos que é FBCF dividida pelo PIB, ficou em 17,7%, inferior aos 18,4% do mesmo trimestre de 2022.
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Na indústria, que recuou -0,1%, as maiores retrações foram na construção (-0,8%) e indústria de transformação (-0,6%). A indústria extrativa cresceu 2,3%, e a de infraestrutura (energia, gás, água, esgoto e resíduos) avançou 1,7%.
Tanto o investimento quanto a indústria tiveram desempenho fraco em função da alta taxa de juros Selic (13,75%) para conter a inflação. Além disso, muitas empresas esperam a aprovação do arcabouço fiscal.
Como a aprovação das regras fiscais deve ocorrer ainda este mês e o preço dos alimentos com expectativa de queda, as taxas de juros podem começar a cair. Esses novos fatos vão ajudar na retomada de investimentos, o que vai impactar na atividade econômica de SC, que é forte na indústria.
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