Enquanto o Rio Grande do Sul enfrenta esta semana a maior enchente da sua história devido às mudanças climáticas, lideranças de governos da area do agro dos três estados da Região Sul se reuniram em Florianópolis, nesta sexta-feira (03), para discutir medidas que reduzam as emissões de carbono pela agropecuária. Elas participaram no Simpósio Sul Brasileiro ABC+ Agricultura de Baixa Emissão de Carbono, na sede da Federação das Indústrias de SC (Fiesc).
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Cada estado já tem seu plano ABC+. Eles são extensões do Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono), do governo federal para reduzir as emissões de gases que causam o efeito estufa. A meta do país para o agro é redução de emissões de 1,1 bilhão de toneladas de carbono equivalente até 2030.
O evento foi uma iniciativa conjunta dos grupos gestores dos governos de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná, com as secretarias de agricultura e pecuária dos três estados, mais as áreas técnicas. Entre os presentes, estavam o secretário de Agricultura de SC, Valdir Colatto, o secretário de Estado da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul, Giovani Feltes, e o representante da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, o presidente da Adapar, Otamir Martins.
Também participaram líderes de entidades empresariais e oito representantes de consulados, a convite do secretário de Estado de Articulação Internacional de SC, Juliano Froehner. A avaliação geral e de que os três estados estão avançados nos processos de produção com baixo carbono, mas é preciso fazer mais para atingir as metas.
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Produção sustentável é prioridade
O secretário Colatto afirmou que o setor produtivo está fazendo um trabalho conjunto porque não é só a agricultura que precisa atingir metas de produção com baixo carbono. A indústria também. Segundo ele, o governo criou o programa ABC+ Santa Catarina, que é uma das prioridades do governador Jorginho Mello.
– Estamos discutindo o que pode ser feito para reduzir as emissões de carbono nos processos produtivos. Isso é prioridade tanto para a produção de alimentos para a nossa população, quanto para exportações – afirmou Colatto.
Hub de descarbonização
Anfitrião do evento, o presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Mario Cezar de Aguiar, uma iniciativa de vanguarda da entidade nessa área foi a criação do Hub de Descarbonização para mobilizar setores, produtivos, governos, universidades de instituições de pesquisa visando produção com menos emissões.
– Somos destaque na agroindústria e nossa produção de proteína animal é referência em todo o planeta. Temos a responsabilidade de mostrar ao mundo que a descarbonização é um tema que não está só nas nossas metas, mas no nosso dia a dia, com as iniciativas que já estão implantadas e nos colocam na vanguarda – disse Aguiar.
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O coordenador de Gestão Estadual do Plano ABC+ SC, Humberto Bicca Neto, avaliou que o evento apresentou exemplos práticos para a agricultura de baixo carbono. Segundo ele, até 2023, a Região Sul pretende reduzir a emissão de aproximadamente 270 milhões de toneladas de carbono equivalente na atmosfera.
– O Brasil assumiu compromissos para redução de emissões e cada ente federado tem as suas responsabilidades com isso. O povo do Rio Grande do Sul está se organizando para cumprir as metas até 2030 – disse o secretário Feltes.
Conforme o secretário, diversas propriedades rurais e empresas do Rio Grande do Sul estão desenvolvendo projetos para uso de efluentes de produção pecuária para gerar biogás e biometano.
Na avaliação do presidente da Adapar, a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná, Otamir Martins, que presentou a secretaria do Estado no evento, os três estados da Região Sul são os mais sustentáveis do Brasil na produção agropecuária. Ele destacou que Paraná abriu linha de crédito com juro zero para investimentos de propriedades para transformação de efluentes da pecuária em biogás e biometano.
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– Nossos produtos da agropecuária são de excelente qualidade e temos uma logística que funciona. Por isso, somos um estado competitivo no mercado mundial. Mas agora, nossos produtos passam ter, também, um reconhecimento de sustentabilidade porque a produção busca essa prática e o programa ABC+ SC está colaborando – afirmou o secretário de Articulação Internacional de SC, Juliano Froehner.
A convite da secretaria, oito representantes de consulados participaram do evento para acompanhar a evolução desse tema. Conforme o secretário, isso é importante para informar esses países que são clientes de SC no agro.

Produção de hortaliças é exemplo
Uma das novas práticas apresentadas no Simpósio ABC+, desenvolvida pela Epagri, a empresa de pesquisa agrícola de Santa Catarina, é o Sistema Plantio Direto de Hotaliças (SPDH). Ele consiste no plantio sem a aragem do solo, usando diferentes plantas de cobertura.
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Entre os exemplos citados estão os de plantio de chuchu, repolho e couve em municípios da Serra do Mar. O resultado tem sido produtos de maior qualidade, sustentáveis e de melhor preço.
No simpósio, também foi abordado o plantio direto de cereais, pecuária com grama e florestas e produção de biodiesel com efluentes da produção pecuária.
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