Agricultores que atuam na produção de grãos contam com um leque maior de soluções tecnológicas que usam inteligência artificial e dados para melhorar a produtividade. Sistemas desenvolvidos em Santa Catarina e em outros estados oferecem essas alternativas que não chegam a ser caras, principalmente se comparadas aos ganhos proporcionados. Entre as agritechs que atuam nesse segmento estão a Hexagon e a Horus Aeronaves, de Florianópolis, Santa Catarina, e a ConnectFarm, de Boa Vista das Missões, Rio Grande do Sul.

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A multinacional Hexagon, que tem unidade de desenvolvimento tecnológico agrícola e fábrica em Florianópolis porque em 2014 incorporou a startup Arvus, oferece ao mercado a plataforma HxGN AgroOn que inclui inteligência artificial em todo o processo de produção agrícola. A solução inclui desde planejamento, tratamento do solo, plantio, monitoramento e análise dos resultados. Com 20 anos de atuação, a empresa informa que conseguiu criar uma solução completa ao setor.

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Segundo a Hexagon, entre dos dados que mostram que vale a pena usar inteligência artificial no campo estão a otimização de 15% na frota de apoio, redução de 25% de máquinas na colheita e transporte, redução de 15% nos desvios de adubação, prevenção de 17% de gastos em operação de cultivo e aumento médio de 5% de área plantada.

– O uso da inteligência artificial no agronegócio tem ajudado a diagnosticar problemas que exigem intervenção para sua solução – explica o empresário Bernardo de Castro, presidente da divisão de Agricultura da Hexagon.

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Com ênfase na busca de produtividade e acompanhamento com uso de Big Data, a startup ConnectFarm conta com mais de 70 clientes no Brasil. Entre os que aderiram às soluções da agritech gaúcha estão os irmãos Sérgio e Volnei Mânica, da fazenda SVM, de Campos Novos, Santa Catarina.

Engenheiro agrônomo, Sérgio Mânica conta que ele e o irmão sempre buscam tecnologias para produzir mais. Contudo, sabem que os resultados vêm no médio e longo prazo. A aposta maior deles com a tecnologia da ConnectFarm é para a próxima safra de soja (2020-2021), mas a experiência já começou com o plantio de aveia no inverno deste ano.

O principal cartão de visitas do CEO da ConnectFarm, Rodrigo Dias, é o primeiro lugar no Desafio da Máxima Produtividade de Soja do Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB), na categoria de cultivo com irrigação. O título foi conquistado com a produtividade de 111,93 sacas por hectare da Fazenda Vila Morena, de Boa Vista das Missões (RS). A média no Estado vizinho ficou em 51,2 sacas por hectare na última safra. Os irmãos Mânica conseguiram 65 por hectare em Campos Novos. A média do Estado, nessa safra que foi duramente atingida pela estiagem, ficou em 55 sacas por hectare. O plano dos irmãos é chegar a 80 sacas por hectare na safra que vem.

A inteligência artificial trouxe novas funções para a aviação agrícola, no caso os drones, mini aviões também chamados de Vants (veículos aéreos não tripulados). Eles permitem mapear as áreas das lavouras com problemas e facilitam a aplicação de defensivos com foco nas regiões afetadas, informa a Horus Aeronaves, empresa de Florianópolis fabricante desses drones que têm sistemas analíticos acoplados.

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Os softwares da Horus permitem visualizar de 500 a 3 mil hectares de lavouras de soja, apontam onde existem áreas afetadas por plantas daninhas, insetos ou nematoides (vermes). O uso dirigido de herbicidas permite economizar até 50% em defensivos frente a aplicações tradicionais, informa a empresa. Quando as pragas afetam as plantas, elas acabam crescendo menos e isso aparece na imagem aérea, permitindo a aplicação de defensivo para corrigir. O sistema do drone se comunica com a automação do trator.

Esse novo mercado de soluções com inteligência artificial conta com dados que permitem quantificar melhor os resultados. De acordo com a Horus, a tecnologia permite ao produtor economizar de 20% a 50% no uso de insumos. Além, disso, tem os ganhos de produtividade.