O baixo nível de aprendizado dos brasileiros no ensino básico – fundamental e médio – é apontado como a principal razão do baixo crescimento econômico do país. Para mudar essa realidade em SC, o secretário de Estado da Educação, Natalino Uggioni conta como o governo trabalha para o ensino estadual dar um salto em qualidade. A pasta com o maior orçamento, R$ 4,8 bilhões, lançou o programa Minha Nova Escola, de R$ 1,2 bilhão, com uma série de ações e criou um sistema digital para a gestão da qualidade do aprendizado. Confira:

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O senhor veio do setor privado e assumiu a pasta da Educação. O que chamou sua atenção inicialmente na função?

Muitos parceiros estão nos procurando entendendo que pela educação a gente consegue realmente atingir uma massa grande da sociedade catarinense. Nós falamos de 20%. Esses alunos vêm até nós todos os dias e por meio deles chegamos até as famílias. Aí, família, irmãos, pais, tios, facilmente chegamos a 20% da população do Estado. São 519 mil alunos.

Por exemplo, a educação fiscal. Nós não fomos educados a pedir nota fiscal. Como nem todo cidadão pede, o Estado perde divisas. Se nós educarmos uma geração, daqui a pouco vamos chegar a esse nível de educação. Aí a gente fala em educação alimentar. Ora, precisamos aprender a nos alimentar adequadamente. E sobre cidadania, o TRE nos procurou para fazermos o trabalho de conscientização dos jovens sobre a importância de fazer o título de eleitor aos 16 anos e exercer a cidadania do voto. Os parceiros estão nos procurando por entender que pela educação a gente consegue fazer a revolução que a gente espera na sociedade.

Como é o princípio de aldeia?

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Um ditado africano diz que “É preciso toda a aldeia para educar uma criança”, que foi difundido pelo Movimento Todos Pela Educação. Ele reforça que, quando toda a aldeia participa, a educação acontece com melhor qualidade. Terminei de ler um livro chamado Escolas Criativas que fala isso, o poder de transformação que uma escola tem e a influência do meio onde ela está. Quando há o ambiente de acolhimento da escola e vice-versa a gente logo percebe. 

 Que ações para integrar mais às comunidades nas escolas?

A primeira ação é chamar os pais, para que acompanhem os filhos, venham até a escola, acompanhem as tarefas. Os pais vêm, normalmente, no Dia da Família na Escola. Mas a gente aproveita para chamar os pais sempre, especialmente nos dias letivos. Outro ponto é o trabalho das associações de pais, as APPs.

O orçamento da Secretaria de Educação é o maior do Estado. Quais são as origens dos recursos e como são utilizados?

O último orçamento que temos (previsto) é da ordem de R$ 4,8 bilhões. Cerca de 80%, vem do Fundeb, do governo federal. Temos mais a Fonte 100, que é 25% da receita estadual. O governador assumiu com o compromisso de investir 25%. O Estado investia de 27% a 28% da receita, mas isso incluía pagamento de servidores inativos. Temos 18 mil professores ativos e 30 mil inativos. Agora o Estado paga os inativos com recursos do Tesouro, o que foi cobrança do Tribunal de Contas (TCE). Agora, temos esse desafio adicional. A Secretaria ganha esse aporte de recursos, que em função da arrecadação, que vai bem, será possível investir mais em educação, infraestrutura, tecnologia, transporte escolar, qualificação de professores, gestão e alimentação escolar.

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Uma das preocupações do mundo econômico é com a qualidade do aprendizado. O que vocês estão fazendo para melhorar isso?

Desenvolvemos um sistema digital. Agora temos os dados das escolas na palma da mão. Assim, podemos saber como estamos e agir. É um sistema único no país, desenvolvido por técnicos da nossa Secretaria. Temos 1.261 escolas e unidades descentralizadas, 519 mil alunos, 24 mil turmas, 187.476 matrículas. Nosso painel digital mostra dados por região, por município e por escola, entre os quais, faltas e notas. Somos, por exemplo, o pior Estado em distorção idade-série porque alunos abandonam o ensino regular, vão para o mercado de trabalho e depois retornam para fazer o EJA.

Do total, 23% dos alunos do ensino médio do Estado não se formam na idade certa. Temos duas transições importantes. A primeira é a saída do quinto para o sexto ano. Há um impacto com o aumento do número de professores. E o outro é do nono ano para o ensino médio. Também temos um impacto. Nosso sistema, agora, permite ver onde estão os problemas. Identificamos que em escolas dos mesmos municípios, numa os alunos aprendem mais matemática do que na outra. O que a gente espera é que os professores troquem informações, assistam as aulas um do outro para melhorar o aprendizado.