O empresário paulista Abilio Diniz, que faleceu há uma semana (18), aos 87 anos, com sua atuação de conselheiro, gerou impactos positivos e negativos relevantes para empresas de Santa Catarina. Acertou no varejo, mas errou na indústria.  

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Para alguns grupos supermercadistas, ele deu conselho positivo ao incentivar investimentos no modelo de atacarejo. Também inspirou uma série de outras empresas de comércio e serviços com seus conselhos e estilo de vida. Mas na BRF, uma das gigantes globais de alimentos, dona das marcas Sadia e Perdigão, a atuação de Abilio como presidente do conselho de administração causou uma derrocada que gera perdas até hoje.

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Após sair do Grupo Pão de Açúcar, em 2013, ele procurou uma empresa importante para liderar. Recebeu convite do fundo financeiro Tarpon, acionista da BRF, para ingressar na empresa. Também teve apoio de outro acionista, a Previ. Por meio do seu fundo familiar Península, Abilio Diniz investiu mais de R$ 1 bilhão na gigante de alimentos e conseguiu ser o presidente do conselho de administração.

Contrariou a liderança da empresa naquele momento, que adotava o modelo WEG de gestão porque a indústria de equipamentos elétricos de SC era uma das principais acionistas da BRF. A entrada dele levou a WEG a se afastar totalmente do conselho da empresa.

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Abilio prometeu uma gestão enxuta e crescimento galopante das ações para R$ 100. Na época, os papéis estavam em cerca de R$ 40,00. A nova gestão que assumiu demitiu mais de 40 executivos, que foram para a concorrente Seara, da JBS, levando com eles a sábia cultura industrial.

Desde aquela época, em função dessas mudanças, a dona das marcas Sadia e Perdigão tem enfrentado dificuldades para se recuperar. O empresário foi afastado da presidência do conselho em 2018.

O desempenho da BRF na B3, a bolsa brasileira, mostra os desafios da BRF. Na última sexta-feira, 22 de fevereiro de 2024, as ações da companhia fecharam cotadas em R$ 13,50, bem longe dos R$ 100 estimados por Abilio Diniz em 2013. Em 2022, a empresa fechou com prejuízo de R$ 3,2 bilhões. O balanço de 2023 ainda não foi divulgado.

A BRF é um exemplo de que cada setor econômico requer uma gestão empresarial específica. Uma agroindústria de proteína animal, com ciclos biológicos produtivos de pelo menos cinco anos, que usa conhecimentos de ponta, não pode ser administrada como uma empresa financeira.

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