Multinacional catarinense que é uma das principais fornecedoras mundiais de soluções para energia sustentável e outras áreas, a WEG, de Jaraguá do Sul, está investindo alto para contribuir na migração de motores à combustão para elétricos e para dar segunda vida a baterias automotivas. Também investe na formação de equipes na área de inteligência artificial para ampliar soluções ao mercado. 

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As informações são do diretor global de Engenharia e Inovação Tecnológica da WEG, Rodrigo Fumo. Ele foi palestrante no evento SC que Dá Certo, na última terça-feira (20), em Jaraguá do Sul, promovido pela NSC Comunicação. Antes do evento, ele falou com exclusividade para a coluna sobre projetos da empresa na área de pesquisa e desenvolvimento (P&D). 

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Nas estratégias para mobilidade, um dos grandes projetos é investimento de R$ 100 milhões em fábrica de baterias em Jaraguá do Sul. O grupo também investe alto no município em nova fábrica de motores elétricos para mobilidade. Entre os projetos estão, também, um aerogerador de 7 MW, soluções para indústria 4.0 e atenção geral para sustentabilidade. 

Engenheiro mecânico graduado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com MBA na Fundação Getúlio Vargas e formação executiva na Stanford Graduate School of Business, Fumo está na WEG há 20 anos. Antes de assumir a atual função, trabalhou pelo grupo na Alemanha e na China. 

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Ao SC que Dá Certo, ele falou sobre como a WEG foi se reinventando até chegar ao momento atual com 52 fábricas em 15 países, presença comercial na maioria dos mercados globais e 40 mil empregados, dos quais 20 mil em Jaraguá do Sul. Veja a entrevista:

A WEG desenvolve inovações importantes para diversos setores. Um deles é a mobilidade. O que o senhor destaca nessa área?

– Nós temos dois investimentos bem grandes. Uma fábrica de baterias aqui em Jaraguá do Sul e também uma fábrica de motores elétricos dedicados para mobilidade elétrica, principalmente para ônibus e caminhões, que são o nosso foco. 

A gente entende que uma parte da transição energética mundial, que a WEG está contribuindo muito, é com essa migração dos motores de combustão interna para motores elétricos, seja através de ônibus ou caminhões. Adicionalmente a isso, toda a parte de energia renovável, com presença forte em energia solar e energia eólica. 

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Além disso, temos o que é o carro-chefe da WEG desde a criação da empresa, que são os motores elétricos de altíssima eficiência, que estão contribuindo para a indústria economizar muito em energia.

O senhor teria uma comparação curiosa nessa área. Por exemplo: tal ano um motor consumia x de energia e agora consome bem menos?

– Tenho uma bem interessante que é o seguinte: se a gente pegar um motor elétrico de 100 anos atrás, para entregar 1 kW de energia, ele pesava 100 quilos. Hoje, a gente consegue fazer isso com praticamente um motor de 250 gramas. Então, teve uma evolução enorme ao longo desse período em materiais, em tecnologia, em compactação de produtos e isso, logicamente, o que a gente procura no final é como é que a gente entrega a mesma performance, confiabilidade e robustez com menos material. Isso torna todo esse approach (abordagem) do mundo mais sustentável. É usar recursos naturais de maneira mais inteligente.

Nessa nova fábrica, a empresa fará baterias somente para ônibus e caminhões ou atenderá também outros segmentos?

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– As baterias serão para ônibus e caminhões. Mas, teremos oportunidade também de trabalhar com baterias de segunda vida, que são baterias que estão em processo de final de vida para o veículo, mas que podem ser utilizados para sistema de armazenamento de energia. 

Nesses sistemas de armazenamento, elas ainda duram bastante. Então, esse também é um negócio da WEG: além de fazer a bateria para veículo elétrico, pensar já no ciclo subsequente dela, que é o aproveitamento para o próprio sistema de armazenamento de energia residencial ou industrial.

O que vocês estão fazendo de novo na área de armazenamento de energia?

– Essa é uma área em que a gente tem colocado bastante energia e investimento em cima, principalmente com participação do mercado norte-americano nesse momento, que é o sistema de baterias o BESS (Battery Energy Storage System).

 Então, basicamente, esses sistemas podem ser conectados em sistemas de energia renovável. Um exemplo é a energia eólica porque gera energia durante o dia ou durante a noite e, no momento em que não tem pico de consumo de energia, armazena em baterias para ser lançada na rede de volta, em utilizada em momentos de consumo de pico.

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A WEG também dá especial atenção para inteligência artificial. O que o senhor destaca nessa área?

– Nós iniciamos um treinamento na WEG em torno de um ano e meio atrás. É um programa que chama Artificial Intelligence Skilling Program. Nosso objetivo é a gente treinar uma quantidade bastante grande de pessoas dentro da WEG. Já temos em torno de 150 profissionais treinados e capacitados em inteligência artificial, que podem trabalhar tanto para o benefício do nosso negócio, trazendo informação ao cliente, com sistema de monitoramento e diagnóstico de motores e equipamentos, quanto também o uso de inteligência artificial para a nossa programação de produção, otimização dos nossos produtos. Então, nós vemos a inteligência artificial como uma das grandes tecnologias exponenciais que podem ajudar a gente a evoluir muito no nosso negócio.  

E sobre indústria 4.0, o que vocês estão oferecendo ao mercado?

– Começamos esse projeto-piloto em 2018 dentro da fábrica de Jaraguá do Sul. Iniciando na nossa fábrica de fios, monitorando equipamentos, fazendo acompanhamento de toda a produção. Isso evoluiu depois para o primeiro sensor da WEG, chamado MotorScan. Depois disso, ampliamos para um WEGScan não limitado exclusivamente a motores, mas podendo ser utilizados em outros equipamentos.

Evoluímos para drivers, sistemas de diagnóstico que a gente chama de sistemas especialistas que, através do uso de inteligência artificial e das informações capturadas por esses sensores a gente pode trazer ao usuário, principalmente para as equipes de manutenção, uma informação muito mais precisa e correta do momento em que um determinado equipamento precisa de intervenção.

Para uma empresa de tecnologia, se pergunta quanto da receita vem de produtos e soluções lançadas nos últimos anos. Qual é o número da WEG que o senhor destaca? 

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– Esse indicador se chama índice de inovação e a gente basicamente considera o seguinte: qual é o percentual da receita operacional líquida da empresa que vem de produtos lançados nos últimos 5 anos. No ano de 2022, nós atingimos 59,3% da receita líquida. E nos últimos cinco anos, a gente vem crescendo nesse número, mostrando que é necessário e é importante a gente conseguir fazer essa renovação de maneira que a gente consiga  capturar oportunidades de negócio. 

Esse indicador serve para validar se os investimentos que temos feito em pesquisa e desenvolvimento P&D, de 2% a 2,5% da nossa receita operacional líquida se isso está se traduzindo em receita para empresa. Então, olhando para esses dois indicadores a gente consegue ter a resposta positiva de que aquilo que a gente coloca em pesquisa e inovação se transforma em receita para o nosso negócio. 

A WEG está pesquisando nova tecnologia na área de geradores?

– A primeira geração de aerogeradores, de 2.1 MW (megawatts), foi lançada em 2012. A segunda família de aerogeradores foi lançada em 2021, de 4.2 MW. Estamos agora no desenvolvimento da nova linha de 7 MW. Essa linha será lançada em 2025 e tem equipes tanto do Brasil, quanto dos Estados Unidos e da Alemanha trabalhando de maneira simultânea, para que possamos trazer esse produto ao mercado. Então, é uma das maiores eficiências do mercado e será, sem dúvida nenhuma, uma das maiores potências em nível mundial, produzidas por players desse tipo de negócio.

Como a WEG está trabalhando a questão sustentabilidade?

– Temos uma preocupação bastante grande na WEG sobre a área de sustentabilidade. Nós definimos claramente os horizontes de redução de emissões de gases. Então, até 2030 nós queremos reduzir 52% das nossas emissões e, em até 2050, pretendemos nos tornar carbono neutro, então zerar nossas emissões. 

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Isso faz parte de todo o bônus progam da empresa, de todos os gestores, e é também um approach que a gente tem feito através dos nossos produtos. Como a gente leva ao mercado produtos com maior eficiência, produtos com menor consumo de materiais, de forma que a gente possa ajudar também as etapas subsequentes da WEG, ou seja, que o produto deixe a empresa, mas que continue contribuindo para a redução de emissões de gases.