O Lide Santa Catarina – Grupo de Líderes Empresariais concentra ações para apoiar a retomada do crescimento econômico no estado visando superar a crise gerada pela pandemia. O novo presidente da instituição, Delton Batista, afirma que a construção da nova economia passa por uma agenda empresarial de inovação, sustentabilidade e governança corporativa.

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Batista sucede o empresário Wilfredo Gomes, que fundou o Lide SC no começo de 2013 e presidiu a instituição até agora, quando passa a a presidir o novo comitê gestor do grupo. Entre as novidades da nova administração está a criação de ‘embaixadas regionais’ com vice-presidentes para dar maior atenção às diversas regiões do estado com economia forte.

Delton Batista assume a presidência do Lide Santa Catarina

Após atuar como executivo de grandes empresas, entre as quais AmBev, Oi Telecom e Grupo RBS, Delton Batista passou a empreender. Está à frente da ON Business, holding de empresas de investimento, aceleração de negócios e desenvolvimento e também é sócio-fundador da Mauá Ventures, voltada à inovação corporativa. Na entrevista a seguir, ele fala sobre cenários, crescimento e da agenda do Lide-SC que terá reunião com o chairman do Lide, Luiz Fernando Furlan dia 20 deste mês, no Hotel Faial, em Florianópolis. Confira a seguir:

Como o senhor vê a retomada do crescimento econômico em Santa Catarina e de que forma o Lide colabora nesse processo?

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O que a gente tem observado é que a superação da crise é prioridade absoluta das lideranças empresariais. O empresário está ansioso para retomar uma dinâmica de geração de emprego, renda e consumo porque só esse ciclo virtuoso vai fazer com que o país evolua. A construção da nova economia passa por uma agenda empresarial de inovação, sustentabilidade e governança corporativa. E a gente acredita que Santa Catarina tem condições de liderar a retomada do crescimento econômico do país pela nossa diversidade, indústria forte e avanços dos setores de tecnologia, turismo e agronegócio. Essa pauta não é só de interesse do empresariado, mas também da sociedade catarinense. De outro modo, podemos ter um flagelo social em função da pandemia.

O senhor avalia que SC já está conseguindo se destacar nessa retomada do crescimento?

O planejamento das empresas já está voltado para essa pauta. E a gente percebe por parte do consumidor uma demanda reprimida, um desejo de voltar à vida normal de compras, lazer e entretenimento, mas isso ainda não é possível em função dos protocolos de prevenção à Covid-19. Mas do ponto de vista das organizações, a pauta já é a retomada.

Acredita que a segurança dos consumidores virá só com a vacina ou pode acontecer antes?

Eu acredito que a vacina será um passo importante, uma mudança de patamar nessa rotina que está bastante adversa. Mas, independentemente disso, os protocolos que estão definidos e seguidos, o monitoramento responsável já são medidas suficientes para uma retomada lenta, gradual, mas organizada das atividades. Eu acredito que a gente tem tudo, por exemplo, para a temporada de verão de Santa Catarina ter um movimento organizado através do preparo dos empresários para isso, do comportamento do consumidor através da convivência com esse novo cenário. Então, não apenas a vacina será um patamar importante mas, antes disso, eu observo as empresas se reorganizando em novos protocolos e o comportamento do consumidor se adaptando a uma nova realidade será possível retomar o caminho para sair dessa paralisia. A responsabilidade e a conscientização das pessoas tem sido um fator determinante em Santa Catarina. 

O consumidor está tentando equilibrar a volta das atividades regulares com os cuidados de prevenção à pandemia. 

Esse equilíbrio será um passo para a gente ir evoluindo e a vacina trará um novo patamar.

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Como avalia a evolução da economia brasileira nesse cenário?

– O Brasil ainda tem uma grande agenda necessária para retomar o crescimento que não tem muito a ver com a pandemia. Precisa fazer a reforma tributária e um grande plano de desenvolvimento econômico. Esses desafios já estavam se arrastando e atrasando o progresso do país. Com a pandemia, eles estão atrasando ainda mais. A gente observa que nos grupos empresariais nossos, as discussões envolvem pautas como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) que é um fato novo nas relações de consumo, as pautas relacionadas à inovação, à sustentabilidade e, fundamentalmente, o tema mais importante hoje é o tema da responsabilidade social, que é a participação das empresas para uma economia mais inclusiva e solidária. 

A pandemia mostrou de que ninguém vive numa ilha. As empresas devem fazer a sua parte para a sociedade ter um desenvolvimento mais equilibrado. O Brasil precisa enfrentar essa agenda que passa por uma desobstrução do ambiente de negócios, que seja mais favorável ao empreendedor, que valorize o papel de geração de riqueza, emprego e renda que o empresário tem no país.

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O Lide SC poderá participar mais de articulações para viabilizar a reforma tributária?

Sim. O Lide tem uma contribuição ativa no debate das reformas. Entende que a reforma tributária é uma agenda desobstrutiva para o desenvolvimento do país e a gente está mobilizando a sociedade, os órgãos competentes para a necessidade urgente de algo que consiga fazer com que o setor produtivo seja valorizado no país. Estamos vivendo um momento em que o capital especulativo, o investidor rentista não terá alternativa se não investir na economia real, de geração de bens e serviços. Isso é bom para a sociedade e para a economia. Para isso precisa ter critério que permita que o empreendedor tenha um estímulo justo e o consumidor não seja onerado de maneira desproporcional por um modelo que acaba sendo perverso.

Uma das novidades da sua gestão foi a criação de embaixadas regionais, com vice-presidentes. Qual é o objetivo dessa nova estrutura?

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– Santa Catarina é um estado que tem como característica a diversidade sóciodemográfica e econômica. Nós queremos que o Lide esteja mais próximo dos empresários em toda essa diversidade. Então criamos embaixadas e vice-presidências regionais com empresários notáveis, de renome em cada uma das regiões. Eles vão representar o Lide no seu calendário de atividades, eventos de conteúdo e de pautas que sejam importantes e que sejam adaptadas a cada característica do estado, que tem uma economia, uma população e um comportamento diversificado.

O que a sua gestão vai priorizar à frente do Lide SC?

– Pretendemos dobrar o número de filiados do Lide SC, mas nosso principal objetivo é aumentar a relevância do Lide SC como porta voz das grandes pautas de interesse do empresariado. Nossas bandeiras vão estar focadas em três pilares; responsabilidade social, inovação e governança corporativa. As empresas de Santa Catarina, na sua maioria, são familiares e a governança corporativa assume uma relevância muito importante para a perenidade das empresas. Esses três temas fazem parte das prioridades do Lide. Hoje, no Brasil, os filiados do Lide representam mais de 50% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

Como serão trabalhados esses temas?

– Desenvolvemos esses conteúdos com palestras de líderes nacionais e internacionais, com missões empresariais, visitas e trocas de melhores práticas e por meio do Lide Internacional em diversos países, fazemos conexão e intercâmbio de conteúdo. Além disso, temos fóruns temáticos relacionados a verticais da indústria, varejo, turismo, marketing e gestão. São temas que a gente procura trabalhar com objetivo de proporcionar um permanente desenvolvimento do empresariado, que já tem atuação de ponta na gestão dos seus negócios.

O Lide incentiva sempre em suas reuniões a troca de cartões entre os empresários. Como é o resultado desse networking?

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– Esse é um dos principais ativos do Lide: a possibilidade de empresários de ramos diversos trocarem experiências sobre as melhores práticas, uma troca de informações que, muitas vezes, funciona mais do que um MBA. Além disso, permite iniciar relacionamentos empresariais, novos negócios, parcerias. Também desenvolvemos projetos relevantes. Hoje, por exemplo, uma das principais lideranças do Lide, o CEO da Engie, Eduardo Sattamini, está liderando a nossa frente de iniciativas de solidariedade.

Um dos pontos fortes do Lide é o networking. Temos a felicidade grande de ter com chairman do Lide o empresário Luiz Fernando Furlan, catarinense, que foi ministro do Desenvolvimento e presidente do conselho da BRF e que tem um carinho especial com Santa Catarina. Isso favorece as conexões dos empresários catarinenses com os de outros estados, atualiza eles sobre informações que necessitam para a superação dos seus resultados.

O senhor está sucedendo Wilfredo Gomes, que trouxe o Lide para Santa Catarina e também foi o presidente até agora. Qual será a função dele daqui para a frente?

– Na estrutura do Lide temos um fórum que é o comitê gestor do qual participam lideranças por temas, como governança corporativa, indústria, varejo e tecnologia. O Wilfredo é o presidente desse fórum, contribuindo com o seu conhecimento para que essas pautas estejam sintonizadas com as principais lideranças que participam do Lide SC. O papel dele será super importante ao lado de todos esses líderes que têm um desejo único, que é a retomada do crescimento.

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Não há, hoje, tema mais importante do que a retomada do crescimento e o papel de Santa Catarina como possível líder dessa recuperação não só de números, mas também no aspecto psicológico, de auto estima, de olhar para frente. Entre as lições importantes da pandemia uma é que estamos todos conectados. Qualquer cadeia de negócios precisa buscar o equilíbrio de todos os seus parceiros para que a gente possa construir uma economia que agregue valor para todos.

Como está a programação de eventos do Lide?

-Temos o Prêmio Líderes Anuais, que estamos mudando critérios e a primeira entrega dele será em 2021 dentro de uma pauta de aceleração de SC e do país. Mas neste ano temos um calendário forte. 

O primeiro encontro do novo comitê gestor será dia 20 deste mês em Florianópolis, na cobertura do Hotel Faial, com a participação do nosso chairman Luiz Fernando Furlan. 

Os embaixadores regionais vão participar. Temos uma pauta voltada à Lei Geral de Proteção de Dados, inovação na gestão do bem-estar e saúde, e evolução do varejo digital – o Jaimes Almeida Junior é nosso convidado para falar sobre essa última temática. Também estamos agendando um debate com os candidatos a prefeito de Florianópolis, com apoio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/SC). O objetivo será ouvir as propostas deles sobre a retomada da economia. Convidaremos os quatro candidatos melhor posicionados nas pesquisas.