(Foto: João Souza / Divulgação)
Mário César dos Santos (Foto: (Foto: João Souza / Divulgação))

A Associação Empresarial de Itajaí (ACII), entidade que representa o segundo maior Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, completou 90 anos de atuação na terça-feira (28) e comemorou com evento na noite de sexta no Maria’s Itajaí. O presidente da associação, Mário César dos Santos, em entrevista à coluna, falou da trajetória da entidade e desafios atuais como a necessidade de manter os incentivos fiscais ao comércio exterior e de diversos investimentos em infraestrutura.

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Como a ACII está comemorando 90 anos de atuação?

Estamos comemorando essa rica história de maneira saudosa, lembrando pessoas, empresas, o segmento empresarial da indústria, comércio e serviços da cidade, o quanto evoluiu. Já fizemos uma série de eventos e reconhecimentos. Itajaí já foi o maior porto de madeira da América Latina. Esse ciclo passou. Agora somos os maiores exportadores de carnes frigorificadas. Isso atraiu para a cidade uma série de empresas e fez com que tivéssemos condições de nos preparar para fazer exportações. Temos um comitê regional para defender as atividades de comércio exterior que têm crescido muito. Temos 17 grandes terminais portuários que facilitam a movimentação de cargas. O corte de incentivos fiscais nos atrapalharia muito.

De um modo geral, como evolui a economia de Itajaí?

Evolui de forma positiva. Temos a metade da população de Joinville, mas temos uma equivalência muito próxima do PIB joinvilense, exatamente pela atratividade de atividades com o mercado externo. Temos nos segmentos da pesca, indústria e exportação algumas espirais da economia local.

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O município de Itajaí está passando por uma grande remodelação. Temos várias obras importantes, especialmente de mobilidade. Temos um grande problema ligado à BR-101. Se pegar da divisa do rio Camboriú até a ponte de Navegantes, precisamos refazer oito pontes. As marginais estão prontas, elas se confrontam com os rios e as pontes dos rios não são exigidas nos contratos da Litoral Sul, que é a empresa que administra a BR.

Então, surgem duas alternativas. Ou se amplia o prazo, ou se aumenta a tarifa de pedágio. Estudos que fizemos pela associação mostram que uma pequena alta na tarifa de pedágio seria suficiente para custear as oito pontes.

Lideranças da região se reuniram com o secretário da Fazenda, Paulo Eli, para defender os incentivos fiscais ao comércio exterior. O que ficou encaminhado?

A intenção da reunião foi solicitar a manutenção de todos os procedimentos (incentivos) que estão sendo adotados porque eles tornaram o Estado atrativo para o trade de comércio exterior, importador e exportador. A manifestação que o comitê da nossa região entregou ao secretário da Fazenda foi nesse sentido. Depois, na Assembleia, o deputado Coronel Onir Mocellin e outros parlamentares repercutiram a matéria afirmando que o governador tinha concordado que o Estado não poderia perder essa competitividade, retirando os incentivos. Estamos na expectativa de que pelo que foi falado na Alesc e pelo governo, os incentivos serão mantidos.

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Como está a guerra fiscal entre Estados?

Acredito que se não forem mantidos os incentivos em Santa Catarina vamos ter perdas porque alguns Estados já estão acenando e, talvez, cooptando essas importações para si. Especificamente, dá para citar o Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Mas quem está com mais dinamismo nessas tratativas é o governo de São Paulo, que vem acenando com incentivos que inviabilizariam empresas em SC se não forem mantidos os incentivos daqui da forma que estão hoje.

A guerra fiscal pode impactar fortemente nas importações do Estado, principalmente São Francisco e Itajaí. Sem os incentivos, os portos de SC podem perder volume considerável de carga, o que reduzirá drasticamente a arrecadação estadual e federal. Esse é um alerta que a gente tem feito por meio de comitê que reúne diversas entidades regionais e de comércio exterior.

Quais são as maiores preocupações da ACII hoje?

Temos a preocupação com os incentivos fiscais, mas não só eles. Temos todo um trabalho voltado à infraestrutura de portos, aeroportos e rodovias da qual nossos setores econômicos, incluindo indústria, comércio, serviços, logística e turismo dependem tanto. Nossa microrregião está com alguns gargalos que esperamos minimizá-los.

A BR-101, no nosso trecho, tem várias pontes em andamento, as duas rodovias que chegam a Itajaí – de Brusque e a Jorge Lacerda – precisam ter acessos melhorados no encontro com a BR-101. A própria BR-470, no trecho entre Navegantes a Blumenau, tem três lotes de duplicação a serem concluídos. Temos a bacia de evolução dos portos de Itajaí e Navegantes que precisa ser melhorada para receber grandes navios.

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É um conjunto de coisas que a nossa entidade tem pleiteado junto aos governos estadual e federal. Ontem (última quinta-feira), por exemplo, foi dada a ordem de serviços para a ampliação do terminal de passageiros do Aeroporto de Navegantes, que é uma reivindicação antiga das associações empresariais da região.

Quais são as expectativas para o setor de tecnologia e inovação?

Nós temos uma aposta muito grande nesse novo nicho de negócios, que são as startups e a área de inovação. O nosso centro de inovação atrasou, mas acreditamos que essa será uma nova atividade econômica aqui. Acredito que os 13 centros de inovação em várias cidades do Estado vão dar um novo impulso à economia.

Leia também: Região de Itajaí alerta sobre riscos da guerra fiscal no comércio exterior

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