Santa Catarina tem o segundo parque industrial mais diversificado do Brasil e um dos mais competitivos. Os maiores investimentos e exportações são concentrados no setor agroindustrial, pelo perfil dos negócios e atuação global. Projetos revelados pelas próprias companhias e em fase de execução no Estado somam R$ 5,787 bilhões para um período médio de três anos.

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As protagonistas são empresas do setor de carnes, madeiras, embalagens de papel, lácteos e outros. Considerando dois projetos futuros já adiantados, a cifra chega a R$ 8,24 bilhões, o que mostra a necessidade de capital intensivo a esses segmentos. Entre os novos projetos está a produção de alimentação PET pela Nestlé em Vargeão, e a Cooperalfa fará óleo de soja para diversificar a produção. 

O setor agroindustrial conta com parque fabril bem distribuído nas diversas regiões de Santa Catarina, com efeito positivo em toda a economia, em especial na criação de empregos diretos e indiretos. Essa é uma das razões pelas quais SC ostenta a menor taxa de desemprego do país há anos, hoje em 6,2%.

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Confira os investimentos mapeados pela coluna (Foto: Arte NSC)

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O presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Mario Cezar de Aguiar, explica que a indústria tem a capacidade de desenvolver também os setores de serviços e de comércio, por isso é fundamental para o desenvolvimento econômico e social, com mais geração de riquezas. As agroindústrias de SC são relevantes também ao mercado internacional, com vendas para mais de 150 países. Em 2020, o setor respondeu por 70% do faturamento das exportações do Estado. Do total de US$ 8,1 bilhões em vendas externas, US$ 5,7 bilhões vieram principalmente de vendas de empresas de carnes, madeiras e papeis. 

A BRF, uma das maiores agroindústrias de carnes do mundo, que tem sede oficial em Itajaí, faz um dos maiores investimentos diretos no Estado em 2021. Anunciou projetos que somam R$ 643 milhões com a criação de 409 postos de trabalho diretos. 

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O complexo industrial de Concórdia, que é o maior da companhia e se parece com uma cidade, está com projeto de expansão da produção de ingredientes e fatiados curados, onde estão sendo criados 107 novos empregos. Em Videira, berço da primeira marca da BRF, a Perdigão, será instalada nova fábrica de linguiça cozida, com a geração de 250 novos postos de trabalho. E na unidade de Capinzal será implantada unidade de empanados, com 52 novos empregos.

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Com plano de duplicar de tamanho em 10 anos, a BRF investe alto e rápido também em outros estados do Brasil e no exterior. Os investimentos totais anunciados este ano somam R$ 2,290 bilhões, sendo R$ 1,472 bilhão em outros estados e US$ 54 milhões (R$ 275 milhões) na Arábia Saudita e Turquia. No Brasil, além de Santa Catarina, a companhia organiza expansões maiores em Mato Grosso (R$ 670 milhões), R$ 319 milhões em Minas Gerais e R$ 292 milhões no Paraná.

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O Grupo JBS, dono da Seara em SC, está investindo R$ 180 milhões em unidade de biodiesel no município catarinense de Mafra. A obra começou em meados do ano passado e, quando entrar em operação, vai gerar 100 empregos diretos. A companhia preferiu não informar outros investimentos nas agroindústrias de carnes porque não estavam todos contabilizados.

Aurora e Pamplona destinam mais de R$ 1 bilhão em ações de expansão

A Aurora Alimentos, central de cooperativas que reúne mais de 70 mil produtores rurais, está investindo R$ 482 milhões na expansão da capacidade produtiva em Santa Catarina este ano. Considerando um prazo mais longo, os projetos somam R$ 1,435 bilhão, incluindo expansão em Erechim (RS), e vão gerar 5.417 novos empregos diretos. 

O maior projeto em andamento é a ampliação do frigorífico no município de Guatambu, em SC. Nessa primeira fase, estão sendo investidos R$ 280 milhões. O projeto total, segundo o presidente da coopercentral, Neivor Canton, será de R$ 560 milhões, com a contratação de 3.013 pessoas. A unidade terá capacidade para abater 409 mil aves por dia e contará com acréscimo de 450 cooperados fornecedores.

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Outro investimento de peso da Aurora é na fábrica de empanados, que começa com R$ 97,5 milhões, mas vai chegar a R$ 517 milhões em breve. A unidade está criando 507 novos postos de trabalho diretos. Em Maravilha, outro município do Oeste de SC, a coopercentral está investindo R$ 58 milhões agora, mas ampliará para R$ 120 milhões nos próximos anos. Em incubatório para aves, a empresa está destinando R$ 45 milhões em mais de um ano. 

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A agroindústria Pamplona, de Rio do Sul, no Vale do Itajaí, concentra atividades na produção e industrialização de carne suína. Segundo a presidente da companhia, Irani Pamplona Peters, a partir deste ano até 2024, serão investidos R$ 600 milhões na expansão das unidades de Rio do Sul e Presidente Getúlio. As estimativas são de abertura de 1.235 empregos diretos e 5 mil indiretos.

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O maior montante de recursos, R$ 445 milhões, será destinado para Presidente Getúlio, onde serão gerados 850 empregos diretos. Conforme a empresária, R$ 125 milhões serão destinados para ativo biológico e capital de giro. O plano prevê modernização da armazenagem e, depois, duplicação do abate e desossa, com incremento de 2.640 suínos por dia. 

– A unidade aumentará o volume de produtos aos mercados mais exigentes, como dos do Japão, Coreia e Chile. Além disso, vai buscar novos mercados (México, Estados Unidos e Canadá). Em 2020, as exportações representaram cerca de 49% do nosso faturamento, sendo o maior volume para o mercado asiático, contribuindo para a consolidação de um balanço positivo do período – informa Irani.

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Na planta de Rio do Sul, a companhia destinará R$ 155 milhões para ampliar a produção de itens processados como linguiças frescais e cozidas, fatiados, defumados e temperados. O plano é atender consumidores que preferem comprar porções menores.

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– Acreditamos que a retomada de consumo acontecerá a partir deste ano de 2021. Em linha com as expectativas do aumento do PIB brasileiro, estamos preparando a empresa para atender os tradicionais consumidores e os novos que irão buscar não só por qualidade, mas também praticidade para o seu dia a dia – projeta Irani.

Indústrias de madeira e papel crescem em SC

Com solo fértil e clima favorável ao rápido desenvolvimento de pinus e eucalipto, Santa Catarina se consolidou, nas últimas décadas, como destino de elevados investimentos na produção de madeiras para construção civil, placas de MDF, papel e celulose, além de móveis. Apesar da elevada demanda no mercado interno, as exportações são crescentes.

O maior projeto em andamento é o da paranaense Berneck, em Lages, um investimento de R$ 1,4 bilhão. A instalação começou em 2020 e será concluída até o final do ano. A unidade vai gerar 600 empregos diretos e até 1,5 mil indiretos. A companhia antecipou que a capacidade produtiva será de até 570 mil metros cúbicos de MDF e 450 mil metros cúbicos de madeiras serradas por ano.

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Outro investimento de empresa do Paraná em SC é o da Guararapes, em Caçador, de R$ 750 milhões. Vai duplicar a capacidade produtiva de MDF e placas compensadas, destinadas ao Brasil e exterior. Serão criados 200 novos empregos diretos e até 800 indiretos. A capacidade produtiva vai subir de 600 mil metros cúbicos por ano para 1,070 milhão, praticamente o dobro. 

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Tradicional fabricante de embalagens de papel, a gaúcha Irani está executando em Vargem Bonita investimento de R$ 714 milhões anunciado em meados de 2020.

Base firmada com migrantes e assistência técnica, diz analista

A vocação agroindustrial de Santa Catarina começou na colonização e foi se aperfeiçoando, afirma o analisa do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Cepa) da Epagri, Luiz Toresan. Segundo ele, colaboraram para o momento atual, a capacidade de trabalho das empresas e pessoas, tecnologias de ponta, a assistência técnica permanente do Estado, o modelo de pequena propriedade, a integração produtiva e o cooperativismo.

– O desenvolvimento agroindustrial catarinense começou com a própria colonização fundamentada na pequena propriedade. O Estado recebeu colonizadores, a maioria de descendência europeia, que vieram principalmente do Rio Grande do Sul para ganhar a vida em Santa Catarina. Isso criou as bases perfeitas para o desenvolvimento da agroindústria de carnes no Oeste, que começou com a Sadia e Perdigão, hoje marcas da BRF. Depois, vieram a Aurora e a Seara – destaca Toresan.

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Conforme o analista, que acompanha em detalhes a evolução do agronegócio no Estado, o desenvolvimento da suinocultura foi um segmento que contou, por anos, com apoio técnico intensivo do governo do Estado. Outros setores também foram impulsionados pelo setor público como a maçã, vitivinicultura e maricultura. 

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Para Toresan, tanto o presente quanto o futuro das agroindústrias do Estado são promissores pela qualidade, tecnologias empregadas nos processos e presença em mercados.

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