Não sou advogado de Rafael Grampola. Nem amigo dele. Tive (se muito) duas ou três conversas com o jogador fora das entrevistas coletivas. Quem acompanha este espaço sabe que aqui não há defesa ao Joinville. Pelo contrário: há cobranças (com levantamentos e análise) para que o clube volte a ser o protagonista que foi no passado. Por isso, antes de você xingar o colunista ou o jogador ao ver o título deste post, leia atentamente este texto até o fim e reflita sobre o que disse Rafael Grampola na quinta-feira (leia aqui). Você pode ajudar o JEC neste momento difícil.

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Quando Grampola disse que "em um ano, nunca viu o estádio cheio" ele não mentiu. A verdade soou como crítica para todos, mas a cutucada não foi para quem tem acompanhado o Joinville na Série C ou no Catarinense. Quem tem ido não tem motivos para se ofender. É aquela coisa: "Eu estou lá, apoiando ou criticando, então esse recado dele não é para mim".

A crítica foi para quem deixou de ir ao estádio desde 2016, logo após o rebaixamento na Série A. Naquele ano, na Série B, o JEC teve média de 4.214 torcedores por jogo — na temporada inteira, incluindo Catarinense e Copa do Brasil, a média foi de 4.595 torcedores (vale lembrar que neste ano o Joinville foi finalista do Estadual). Um ano antes, na elite, mesmo rebaixado, o JEC teve média de 9.848 torcedores (praticamente o dobro).

Em 2017, na Série C, o Joinville registrou média de 3.785 torcedores. Este ano, na mesma competição, a média é de 2.538 torcedores.

É lógico que há uma série de fatores que influenciam na queda da média desde 2016. Os principais deles são o desempenho do clube e o ingresso caro. E estes dois motivos são incontestáveis — de fato, o JEC tem feito campanhas ridículas e não tem adequado o valor dos ingressos ao futebol que está praticando.

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Feitas estas considerações, voltemos à declaração de Grampola. Além de dizer que nunca viu o estádio cheio, ele fez um apelo:

— O que eu peço é que o torcedor tenha um pouco mais de carinho pelo Joinville. Não é pelo jogador, não — afirmou Grampola.

E é aqui que ele está coberto de razão. Este time, da campanha patética na Série C, não merece o apoio do torcedor. Quem merece é o JEC, o único octacampeão catarinense, o clube com maior número títulos estaduais proporcionalmente à sua idade, o campeão da Série C, o campeão da Série B.

É difícil separar as coisas, mas o torcedor do Joinville deve mirar os bons exemplos. No ano passado, os são-paulinos não estavam felizes com os jogadores que os representavam — um clube tricampeão mundial e tricampeão da Libertadores não pode se conformar em brigar contra o rebaixamento. No entanto, quando o São Paulo passou aperto, lá estavam eles, enchendo o Morumbi para evitar a queda para a Série B — a média foi de 35.227 torcedores, a segunda maior da Série A, atrás apenas do campeão Corinthians.

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Outros torcedores de clubes grandes fizeram o mesmo — Internacional (2016), Palmeiras (2014), Fluminense (2009). Aí pode vir o argumento: mas estas torcidas são gigantes.

Ok, vai aqui outro exemplo: o Ceará de 2015. Naquele ano, o Vozão terminou o turno da Série B na última colocação, com 14 pontos (três vitórias) em 19 rodadas. Estava oito pontos atrás do Boa Esporte, primeiro time fora da zona do rebaixamento. Na teoria, o rebaixamento parecia consolidado. Na prática, o Ceará se salvou na última rodada graças ao apoio do seu torcedor que, obviamente, não estava feliz com os seus jogadores. Naquele ano, teve média de 16.142 torcedores por jogo — a 14ª do País.

Com todos estes exemplos, será que a torcida do Joinville não pode fazer o mesmo? Salvar o time de outro rebaixamento? Não seria mais fácil ir ao estádio, e apoiar o clube, do que apenas xingar na internet e ter de vê-lo na Série D em 2019, recomeçando todo o trabalho? Será que aqueles 9.848 torcedores da Série A não podem dar uma trégua ao clube?

Reforço: o time não merece. O clube merece. Se o JEC se mantiver na Série C com ajuda do torcedor, será muito mais fácil sonhar com Série B em 2019 ou Série A em 2020. Se cair, aí será muito complicado. E, convenhamos, a diretoria até fez um esforço. Os ingressos na segunda-feira estão com valores bem reduzidos e os sócios ainda podem levar alguém gratuitamente (veja os detalhes aqui).

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Para fechar, faltam dez rodadas (30 pontos). Mesmo se o Joinville não vencer, não se entregue. Ainda faltarão nove. A luta só termina se o rebaixamento estiver consolidado. Outro exemplo do São Paulo: no ano passado, no primeiro jogo que o Tricolor fez com casa cheia para tentar se salvar, perdeu para o Coritiba por 2 a 1. Mas a torcida não desistiu.

E este recado é válido porque em 2016, na Série B, muitos jequeanos desistiram após o empate com o Náutico em casa — num jogo de casa cheia. Naquela ocasião, ainda faltavam 13 rodadas (39 pontos). O Joinville estava a seis de deixar a zona. Terminou o campeonato rebaixado por um mísero ponto. Ou seja, mesmo se houver frustração na segunda-feira, há tempo. É melhor abraçar agora do que depois, quando faltarem apenas três ou quatro rodadas, e a equipe não depender mais de suas forças.

Se você leu o texto até aqui, apoie o JEC e ajude a salvá-lo de mais um vexame. Se você concorda com o que foi escrito, compartilhe este texto. Ajude a proliferar esta corrente. Agora, se você discorda de tudo, ok. Pode xingar. O colunista vai entender e não está cego. Repito: há muitos erros. Este texto só foi pensado em prol de um clube que está na UTI e precisa de mais pulmões para respirar.