A coluna teve acesso a algumas respostas do diretor administrativo Alexandre Poleza (foto) a conselheiros do JEC que cobravam uma ação do clube em relação ao novo treinador. Nas mensagens, Poleza explicou que todas as decisões desta semana foram tomadas em consenso pelo comitê de futebol e por outros diretores do Joinville. Ainda segundo o diretor, a escolha de Pedrinho Maradona como técnico foi feita ele porque era a opção mais barata.
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Na avaliação de Poleza, um técnico "tampão" traria um custo a mais para o clube e viria sem tempo para implantar sua filosofia de jogo. Entre fazer esta aposta e acreditar num jovem comandante da base, o JEC decidiu dar a chance a Pedrinho Maradona.
Para Poleza, trazer um treinador às pressas, para apenas trabalhar a parte motivacional, não faz sentido. Ele também garantiu que o JEC não jogou a toalha na luta contra o rebaixamento e confia nas conversas de Pedrinho com o grupo.
Por fim, concluiu que o Joinville vai esperar a resposta do elenco à escolha de Pedrinho e que afirmou que a diretoria não pode ceder à pressão da imprensa sob o risco de errar novamente como fez em abril, quando demitiu Rogério Zimmermann.
Opinião
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O discurso de Alexandre Poleza parece desconectado da realidade do JEC e, em alguns momentos, subestima o conhecimento de torcedores e conselheiros que acompanham o futebol. A justificativa de que um “treinador tampão” não teria tempo para trabalhar é mais do que óbvia. Justamente por isso ele seria um “tampão”. Restam apenas quatro rodadas para a Série C terminar. Não há, em nenhuma hipótese, tempo para implantar filosofia de jogo ou ajustar o time tecnicamente ou taticamente.
A única missão do “tampão” seria remotivar o elenco – dando um claro recado para jogadores (e torcida) de que a diretoria acredita na manutenção na Série C e está se mobilizando para isso.
Outra justificativa para a não escolha do “técnico tampão” é o custo financeiro. Neste aspecto, há um erro de avaliação. O problema do JEC não são os custos. Na verdade, o clube está assim por falta de receitas. Na Série C, a diretoria nunca alcançará os ganhos que projeta junto a sócios e patrocinadores. Na Série D então, as receitas serão mínimas.
Há também aí um erro de cálculo. Manter o JEC na Série C, agora, é muito mais barato do que buscar o acesso na Série D no ano que vem (ou nos próximos anos, pois não se sabe quando o time irá subir, afinal, a competição tem o pior formato possível, com quatro mata-matas).
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Ainda sobre a questão custo, qual opção parece com mais chances de êxito financeiro no futuro: apostar num técnico tampão gabaritado ou acreditar no técnico da base? Alguém tem dúvida de qual é a melhor escolha? Além disso, usar a justificativa “financeira” deprecia o técnico da base. Se Pedrinho foi escolhido, é porque se confia no trabalho dele e nada disso se relaciona ao fato dele ser o mais barato.
Na mensagem completa, Poleza ainda subestima o conhecimento dos jogadores. Segundo ele, não há nenhum motivo para relacionar o desempenho ruim de Pedrinho na base com o seu futuro trabalho no profissional. É lógico que há motivos. Num grupo cheio de desconfianças pelas mudanças, no que é mais fácil acreditar: num líder com bom histórico ou em alguém inexperiente, sem o respaldo de resultados da base?
Ou seja, não havia motivos para apostar Pedrinho. Ele pode até dar certo, mas o mais perto do acerto era apostar na outra escolha.
Por fim, Poleza ainda se contradiz em várias ocasiões. Na mensagem, diz que vai esperar a resposta do elenco à escolha de Pedrinho. Ou seja, se ele não for bem, vem novo treinador na próxima semana junto com o novo gerente.
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E aí está a primeira contradição: se vier o novo técnico, a diretoria irá acreditar que ele terá tempo para implantar a sua filosofia de jogo ou este será o sinal de que o clube imagina que o rebaixamento estará consolidado? Vale lembrar que no recado aos conselheiros, Poleza diz que a direção não jogou a tolha.
Outra contradição: Poleza afirma que o Joinville não pode cair na pressão da imprensa e se apressar como fez em abril. Portanto, nesta versão, diz que foi um erro demitir Rogério Zimmermann. No entanto, à época, afirmou a decisão foi de toda a diretoria em razão da dificuldade de relacionamento do treinador com vários setores do clube.
Afinal, o Joinville errou ou não errou ao demitir Rogério Zimmermann? E esta decisão só foi tomada por críticas da imprensa? O que pensa, de fato, o clube sobre aquela medida?
Como se vê, talvez na tentativa de dar uma explicação, Poleza se complicou mais. As afirmações foram infelizes, contraditórias e desconectadas da realidade. O Joinville se comunica mal num momento delicadíssimo de sua história.
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