Certas situações no futebol são previsíveis e teimam em se repetir. Na edição impressa de sábado e domingo de "A Notícia", a coluna lembrou de dois duelos entre Caxias e JEC (em 2005 e 2006) que terminaram empatados e causaram crise no Tricolor. A situação era idêntica ao encontro com o Fluminense — o Caxias com poucos recursos diante de um Joinville favorito, apesar de resultados ruins recentemente. Nas duas ocasiões, o Caxias esteve mais perto de vencer. Neste domingo, o Flu fez o mesmo.

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O Joinville até largou na frente, poderia ter ampliado, mas repetiu a mesma acomodação da última quarta-feira, quando venceu o Blumenau num 2 a 1 sofrido. O relaxamento é preocupante porque a equipe não chega a produzir tanto para se dar ao luxo de perder a concentração como tem feito.

Além disso, se tivesse perdido, o Joinville ganharia uma série desconfiança sobre o novo trabalho. É exatamente aquela análise também já citada por aqui: vencer Blumenau, Figueirense sub-20 e Fluminense, na avaliação do torcedor, é obrigação (e ele não está errado). Perder ou empatar se torna um vexame.

O Joinville deu um semi-vexame no domingo. Óbvio que aqui não se leva em consideração o tempo de preparação, as dificuldades dos novos jogadores, nada disso. O rótulo é exatamente o que fica na cabeça do torcedor e o que ficará na memória. Dentro de pouco tempo, ninguém lembrará as circunstâncias do confronto. O resultado, no entanto, entra para a história.

Este talvez seja o grande recado que a nova equipe precisa ter em mente: o Joinville tem acumulado vexames. E os jogadores têm uma responsabilidade enorme na Copinha: evitar novos vexames.

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Em relação à qualidade técnica, o JEC pode até evoluir, mas não será muito. O nível é esse: equilibrado em relação aos rivais, mas longe de atropelar qualquer adversário. Realidade difícil de ser aceita pelos torcedores (ver o JEC se nivelar por baixo com times da Copa SC é duro), mas este é o atual quadro diante da destruição que houve no clube nos últimos anos.

A defesa

Após quatro rodadas, já é possível constatar que o Joinville tem problemas defensivos. O Tricolor tomou gols em todos os jogos da Copa Santa Catarina. Diante do Flu, quem mais sofreu foi Rodolfo. No primeiro tempo, foi facilmente driblado por Wallace num lance em que o Fluminense só não marcou porque Filipe Costa salvou em cima da linha a bola de Pará.

No segundo tempo, falhou novamente no gol marcado por Filipe, de cabeça. Mas ele não tem falhado sozinho. O Joinville já cometeu erros em bola parada, saída de bola, contra-ataque e chutes de média/longa distância. O próprio Wagner Lopes admitiu estar preocupado com o sistema defensivo.

O ataque

No setor ofensivo, o Joinville está lento nas transições e um pouco dependente das bolas paradas de Itaqui. Claro que a velocidade virá com o tempo, mas individualmente Breno, Allan Dias e Nathan também têm deixado a desejar – inclusive com cada um deles abusando das investidas sem o uso coletivo.

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O trio tem alguns bons momentos nos jogos, como aconteceu diante de Figueirense e Blumenau, mas pode produzir mais. E o JEC depende deles para mostrar melhor futebol na Copa Santa Catarina.

O Flu

No lado do Fluminense, houve evolução. A motivação extra ajudou a equipe de Valmir Israel a apresentar um bom desempenho. Wallace e Romarinho deram trabalho, Edinho funcionou armando as jogadas, Carlos apareceu bem como elemento surpresa. Faltou mais presenças dos laterais e uma melhor participação do centroavante Pará, que acabou substituído.

De qualquer maneira, o grande problema do Fluminense é saber valorizar o resultado. Nas duas semifinais contra o Marcílio Dias, diante do Figueirense e agora contra o JEC, o Tricolor do Itaum esteve na frente, mas não soube garantir a vitória. O time precisa ter mais maturidade para administrar o marcador.