Empatar em Lages nunca foi um grande problema. Em 2015, o JEC ganhou no campo o Estadual (perdeu na Justiça), mas buscou um ponto sofrido na primeira fase diante do Inter. O mesmo aconteceu em 2016, quando o Tricolor foi novamente finalista. Neste ano, voltou a empatar.

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O problema (fato) que chamou a atenção no Estádio Vidal Ramos Jr foi a comemoração do resultado por parte dos jogadores e da comissão técnica. Na entrevista coletiva, o técnico Rogério Zimmermann lembrou que o Inter, lanterna do Estadual com apenas 25% de aproveitamento, também empatou com a Chapecoense em Lages. A partir daí, constatamos como a ambição do Joinville é pequena no atual momento.

Ninguém na Chapecoense ficou satisfeito ao empatar com o Colorado no domingo. Esta é a grande diferença. Assim deveria ser no Joinville. Empate é consequência. Mas ambição está na cabeça. Hoje, o Tricolor se contenta com pouco. Julga ser normal perder todos os clássicos; levar 13 dos 15 gols no segundo segundo tempo; passar dez das 13 partidas sofrendo gols; cogitar a ideia (absurda) de monitorar com câmeras a torcida para explicar o método do trabalho; contratar dez jogadores e, até o momento, nenhum deles ser um diferencial. Tudo é normal.

Esse problema é antigo no JEC. Por aqui, as diretorias entregam a chave do cofre (no caso, do futebol) a qualquer profissional e estes determinam qual deve ser a linha do trabalho. Foi assim com Lisca, no pior dos exemplos. Não há filosofia no Joinville. Triste para quem tem um DNA vencedor.

Na entrevista após o jogo contra o Inter, Rogério Zimmermann ainda fechou os olhos para os problemas. Ironizou algumas questões (como fazer uma substituição aos 32 minutos e outra apenas aos 48) e foi muito contraditório, como tem demonstrado em outras entrevistas. Além de considerar a igualdade um bom resultado, vibrou (em tom de ironia) porque não sofreu gols no segundo tempo; disse que jogos como este dão base para a equipe na Série C (o JEC estaria aprendendo a jogar fora de casa).

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O problema é que no domingo ele afirmou que o parâmetro eram os clássicos. Ou seja, a régua caiu em três dias? Essa é uma das contradições. Há outras: ele já afirmou que não há o que esconder dos adversários, que já viram todos os jogos do JEC, mas fecha treinos, não divulga boletins médicos, blinda ao máximo o grupo. Ainda assim, conta com a compreensão da diretoria e boa vontade da imprensa, que não o incomoda.

Por tudo isso, a exigência deveria ser maior. Se ele tem tudo à sua disposição, precisa corresponder. E aí voltamos ao problema citando acima: a chave do cofre foi entregue. Não há quem cobre.

Este texto não defende mudanças drásticas no Joinville. Aqui, se constata apenas que o Joinville está se apequenando. Cair para a Série B é normal. Cair para a Série C é normal. Perder três finais estaduais consecutivamente é normal – uma delas por erro do próprio Joinville. Contratar 99 jogadores em três anos é normal. Cair fora na primeira fase da Série C com maior orçamento do que os rivais é normal. Contratar dez em 2018 e não continuar acertando faz parte do trabalho. Perder todos os clássicos é aceitável. Cair na Copa do Brasil e perder uma bolada depois de estar vencendo por 2 a 0, utilizando atletas que nunca bateram pênaltis, faz parte do jogo. Terminar um clássico em casa, com sete atletas da base porque os contratados não estão rendendo, é uma necessidade, não um problema.

Nesta filosofia, pode preparar o carro do corpo de bombeiros: se vencer a Chapecoense no sábado, haverá carreta em Joinville. Ironias à parte, passou da hora de ser mais exigente. Enquanto não houver cobrança no futebol, o JEC continuará errando em contratações e se contentando com tudo o que pregam os treinadores. Nunca se esqueçam: eles chegaram agora, são só funcionários. Trabalham igual ao motorista do clube. Não podem ditar regras, filosofias, determinar tudo.

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Há tempo para cobrar, mas é preciso querer. Todos têm a compreensão de que o Joinville não está no auge, mas o conformismo diminui a grandeza do clube. Se tudo está sendo feito para Zimmermann e Kila, é preciso que eles rendam muito mais. E se ninguém quer cobrar, transformem eles em diretores. Ninguém pode ter mais voz e discurso do que a diretoria. Hoje, a dupla determina o que é bom ou ruim para o JEC.