Tempo de pinhão na Serra Catarinense também é época de espetáculo no céu. Por conta da semente os chamados papagaios-charão e o papagaio-do-peito-roxo migram para a região catarinense em busca de pinhão. Em bandos de cem a duzentas aves, eles colorem os céus nas revoadas. Uma espécie ameaçada de extinção. Para ajudar na preservação da espécie uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) será inaugurada do próximo sábado (14) em Urupema com foco na proteção desses dois papagaios. Os pesquisadores Jaime Martinez e Nêmora Prestes – membros da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza – dizem que o local será um importante passo para conservação da natureza. “Inaugurar oficialmente essa reserva natural é a materialização de anos de pesquisa, de parcerias efetivas entre academia, poder público e a sociedade civil e de atuação em prol da proteção da natureza, o que nos permite planejar o futuro com metas ainda maiores”, analisam.

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Além dos papagaios, no local já foram identificados cerca de 16 espécies da fauna e flora que também serão beneficiadas pela RPPN, como cervos, seriemas, quatis, jacus, roedores e até pumas – animais considerados como ótimos indicadores de qualidade de conservação ambiental, pois estão no topo da cadeia alimentar. A Reserva possui 36,06 hectares de extensão e ocupa a área de uma antiga fazenda de criação de gado. A intenção é estimular a comunidade local e produtores rurais e os visitantes para a conservação da natureza por meio de visitas e trilhas interpretativas.  A RPPN é uma iniciativa da Associação Amigos do Meio Ambiente (AMA) e a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, que desde 1993, atuam na conservação do papagaio-charão (Amazona pretrei) e do papagaio-do-peito-roxo (Amazona vinacea) por meio de iniciativas realizadas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e, mais recentemente, no Sudeste do País.

O que são RPPNs?

Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPNs) é uma categoria de Unidade de Conservação instituída pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), que permite a criação de áreas legalmente protegidas por particulares interessados na conservação ambiental. O estabelecimento de uma RPPN pode ser feita tanto por pessoa física, quanto jurídica, desde que sejam proprietárias de imóveis rurais ou urbanos que tenham potencial para a conservação da natureza. A iniciativa deve ser voluntária e, após a área se tornar uma RPPN, o status de área protegida privada é para sempre.

Para isso, é necessário que os proprietários da área se comprometam com algumas ações locais como a promoção da conservação da diversidade biológica, a proteção de recursos hídricos, o manejo de recursos naturais, desenvolvimento de pesquisas científicas, atividades de ecoturismo, educação, manutenção do equilíbrio climático e ecológico, e a preservação de belezas cênicas e ambientes históricos.

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