Em uma das ruas de Lages uma construção chama atenção: o Mercado Público Municipal. Estrutura imponente, construída em 1940 em estilo “art déco”. Mas a falta de manutenção fez com que as “linhas de expressões” deste senhor prédio ficassem ainda mais evidentes. A beleza da construção, que permanece fechado há quase 10 anos, acabou sendo ofuscada pelo desgaste do tempo, vidros quebrados, paredes e portas pichadas, pintura deteriorada. Nesta semana foi lançada a licitação para a contratação da empresa que irá executar o projeto de restauração do Mercado Público, que existe desde 2014. Cinco empresas estão participando. As obras serão viabilizadas com recursos do governo do estado no valor de R$ 10 milhões, e uma contrapartida do município.

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O Mercado Público de Lages foi interditado em abril de 2009 pela Defesa Civil por problemas estruturais. Desde então as feiras que aconteciam no local deram espaço ao abandono. Em 2012 a revitalização começou e todo o telhado foi refeito, mas a obra foi embargada na época pelo Ministério Público que encontrou irregularidades no projeto, que não previa a conservação de aspectos históricos da estrutura tombada pelo patrimônio histórico. Depois de dois anos, um concurso público para a escolha do projeto arquitetônico da estrutura foi lançado. Promovido pelo Instituto Arquitetos do Brasil o concurso nacional teve 179 trabalhos inscritos, de arquitetos de 18 Estados. Os arquitetos de São Paulo, Vitor Zanatta e Vinicius Figueiredo foram os vencedores. Na época, os avaliadores afirmaram que o projeto se sobressaiu dos demais, pela qualidade, proposição de atender a todas às exigências e critérios, beleza estética, solução técnica, ambiental e pela leitura contemporânea. Mas, mesmo com o projeto executivo pronto, sem recurso, era impossível tirar do papel.

No ano passado, para viabilizar a construção, a Secretaria de Planejamento e Obras do município solicitou aos autores do projeto algumas adequações. “A proposta tem uma visão moderna e ao mesmo tempo preserva a identidade, as tradições e costumes da região. Porém, pedimos algumas alterações aos autores”, explica o secretário Clayton Bortoluzzi.

Dos R$ 18 milhões previstos inicialmente para execução do projeto, a prefeitura dispõe de R$ 10 milhões através do governo do Estado.

— O mercado Público vai praticamente dobrar de tamanho, tem uma área hoje de 1.750 m², vai a 3.500 m², mais ou menos. Ali, além do tradicional ponto de venda de frutas e verduras, que vai ter uma parte que será pra isso. O espaço terá uma praça de alimentação, restaurantes, lanchonetes, peixarias, açougues e uma praça central para eventos, com um pequeno palco para apresentações — comenta Bortoluzzi.

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Ainda não tem prazo para que o Mercado Público saia do abandono. Mas assim que a empresa responsável por executar as obras do projeto seja escolhida, terá 30 dias para começar os trabalhos.

Um pouco de história

A história do Mercado Público começa em 1879, quando o primeiro mercado foi construído na Praça Vidal Ramos Sênior, a praça do terminal. No local, todos os fins de semana feiras ao ar livre ocorriam. Foi para ajudar os comerciantes que a câmara de vereadores, na época, decidiu construir um prédio no local. Lá eram vendidos arroz, café em grãos, carne, farinhas de mandioca, trigo, mel, queijo, entre outros produtos coloniais. Mas, com o tempo os moradores começaram a reclamar do barulho do comércio, e o prédio foi desativado. Só então, que em 1940 o prédio que hoje está interditado, foi construído para abrigar os feirantes. Em estilo art déco (um estilo artístico de caráter decorativo que surgiu na Europa na década de 1920), dando um ar de cidade grande e moderna para o novo momento econômico que Lages passava na época, por conta da extração da madeira