Bom Retiro, no Planalto Serrano é uma das cidades com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no estado (0,699), abaixo da média catarinense (0,774). É também nela que o Ministério Público apontou irregularidades no pagamento de horas extras. O prefeito Vilmar Neckel (PP) e mais sete servidores da cidade de 9 mil habitantes são acusados de pagar irregularmente quase R$ 800 mil em horas extras. 

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A Justiça aceitou denúncia do MP por improbidade administrativa e mandou bloquear os bens dos réus em R$ 2,7 milhões. Na decisão, o juiz Edison de Oliveira Júnior destacou que há provas de que servidores agiram de forma ordenada para enriquecimento ilícito e determinou ainda o afastamento deles do comando das secretarias durante o processo. Segundo a investigação, a prefeitura pagou em horas extras R$ 786.904,11, entre janeiro de 2017 e março de 2019.

O que chamou atenção foi à forma em que essas horas eram justificadas. Em algumas folhas ponto consta somente o apelido do funcionário, em outras, a soma das horas a mais não bate. Em outro documento, o funcionário assina o ponto na diagonal para economizar assinatura e no outro só coloca as horas extras, sem apontar horário de entrada e saída. Em entrevista a NSC TV, o prefeito de Bom Retiro, Vilmar Neckel, negou qualquer irregularidade.

"Não significa que não tem um controle exato, que houve uma má-fé, ou um desvio de uma hora, jamais. A hora que foi gasta foi paga ao funcionário que prestou o serviço", disse o prefeito. "Essa preocupação eu não tenho porque jamais existiu uma comprovação de enriquecimento ilícito. São todas pessoas humildes e de salário razoável", acrescentou.

Os quase R$ 800 mil com horas extras são mais do que o dobro do que a prefeitura gastou com merenda escolar no ano passado, R$ 348.283,09. O prefeito diz que agora vai fazer mudanças. "Todos os setores vão ter relógio ponto digital com biometria" – disse.

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