Pela primeira vez, biólogos do governo do Estado foram capacitados para coletarem amostras de macacos mortos para detecção da febre amarela. Até então, apenas médicos veterinários tinham recebido esse treinamento em Santa Catarina. Vinte e nove profissionais, entre biólogos e médicos veterinários, passaram três dias em Lages e usaram o Parque Natural da cidade como laboratório. 

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A intenção, de acordo com a Diretoria de Vigilância Epidemiológica, é ter o maior número de profissionais habilitados para coletar vetores de febre amarela e fazer o isolamento viral o mais rápido possível, caso haja constatações. 

– Quando o macaco morre as amostras têm que ser coletadas no máximo em 24 horas, por isso é preciso que tenha profissional habilitado e disponível – explica a gerente de vigilância de zoonoses, Suzana Zeccer. 

No treinamento eles recebem orientações sobre a febre amarela e como fazer a coleta de vetores da doença. 

– O pessoal foi dividido em dois grupos: um deles trabalha com o vetor (mosquitos que transmitem a doença, como o Aedes aegypti) e o outro faz a coleta de animal, o reservatório silvestre, ou seja, coleta de vísceras de animais, como os primatas que tenham morrido atropelados ou de causa indefinida. As vísceras também são encaminhadas ao laboratório para ser diagnosticada a existência ou não da circulação do vírus – comenta o responsável pelo treinamento, biólogo e entomólogo, João César do Nascimento. 

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No treinamento, veterinárias realizaram a simulação da necrópsia de um macaco bugio encontrado morto na região da Serra e que teria sido atropelado. Os macacos são os principais hospedeiros da doença. Encontrar esses animais mortos ao redor de áreas de mata pode indicar a presença do vírus na região.

 – Quando eles adoecem, afastam-se do bando, ficam mais lentos e em alguns casos são atropelados – diz Zeccer. 

Em SC desde julho de 2017 o Estado recebeu 89 notificações de macacos mortos ou doentes, 25 ainda estão em investigação e 33 foram descartados porque falta profissional habilitado para coleta das vísceras. Com a qualificação de mais profissionais a expectativa é que esse tipo de situação diminua.

 A coleta de vetores ajuda na vigilância da doença, na necessidade de implantar campanhas de vacinação, antes que ocorram casos em humanos. SC não tem nenhuma suspeita de transmissão no Estado. É importante lembrar que a preservação dos macacos é essencial à prevenção da febre amarela – eles não transmitem a doença. 

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