A balsa que faz a travessia entre os municípios de São José do Cerrito e Campo Belo do Sul, na Serra, foi interditada pela Marinha em janeiro deste ano. Com a situação, tem gente que se arrisca atravessando o rio a nado, mas nem todo mundo consegue. Só no ano passado, pelo menos três pessoas morreram no local. Na época a falta de segurança foi o principal fator para interdição. Entre os problemas encontrados, pesaram a falta de coletes salva-vidas, botes, extintores de incêndio e suporte para prender veículos. Além disso, a embarcação estava sem documento para operar.
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Até hoje, ela continua na mesma situação. Moradores da localidade de Machados que precisam fazer a travessia se arriscam. Sem balseiro, a balsa é puxada por quem precisa fazer o trajeto, e com uma corda amarrada no cabo de aço, quando o correto seria uma corrente. Os moradores do interior de Campo Belo do Sul dizem que precisam correr o risco, porque fazer outro caminho aumenta a viagem em mais de duas horas. A filha da dona de casa Josemara da Silva tem problemas de saúde e nem sempre dá para esperar esse tempo todo.
— Atacou alergia bem forte nela, eu tive que sair às pressas, tive que levar em São José do Cerrito, no posto. O médico disse que se eu demorasse mais no máximo meia hora poderia sufocar, trancar a garganta dela. E se eu fosse até Campo Belo, com certeza ela não estaria com vida, hoje — comenta.
Desde que perdeu o filho Breno Elias Machado, de 17 anos, Marilei Correa Machado luta para conseguir uma estrutura melhor. Faz um ano que o filho dela morreu ao tentar atravessar o rio para buscar a balsa do outro lado. Na época a estrutura até tinha balseiro, mas ele não estava no local na hora em que Breno tentou atravessar. Dois meses depois, mais duas pessoas morreram afogadas no mesmo lugar. Dessa vez o carro em que elas estavam caiu de cima da balsa.
Em 2015, um projeto para a construção de uma ponte pênsil foi feito, mas nunca saiu do papel. Na época, o valor para a construção era de R$ 100 mil.
— Se a passarela já tivesse sido construída ele teria atravessado pela passarela. Não nadando da forma que fez — lamenta a mãe da vitima.
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Falta de recurso para ponte pênsil
Por nota, a prefeitura de Campo Belo do Sul informou que a Capitania dos Portos deu prazo de 90 dias para a tomada das providências. Disse que todos os equipamentos já foram comprados e que devido às condições do tempo ainda não foi possível se deslocar até o local, porque além dos equipamentos, precisam de um gerador para garantir a boa qualidade do serviço. Ressalta. no entanto, que os serviços serão feitos dentro do prazo estipulado. Segundo o prefeito da da cidade, José Tadeu Martins de Oliveira, um processo seletivo será feito para a contratação de um balseiro. Sobre o projeto da ponte, informou que não dará declarações porque na época ele não estava na prefeitura. Mas disse que hoje o município não tem recurso para a construção.
O Ministério Público de Campo Belo do Sul, abriu em dezembro do ano passado um inquérito civil para investigar supostas irregularidades na segurança da balsa. O município, segundo o MP, e precisará comprovar se as adequações foram feitas, caso isso não ocorra uma ação civil pública deve ser instaurada para punir os responsáveis.