Diferente de anos anteriores, a colheita das uvas usadas na produção de vinhos finos de altitude deve ser iniciada em fevereiro, principalmente as variedades Chardonnaye e Sauvignon Blanc. O pesquisador da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina) Alberto Brighenti explica que um dos motivos é que os produtores enfrentaram um período de seca – não extrema, mas fora do normal – entre novembro e dezembro, e isso pode ter adiantado a maturação das uvas no período de formação das bagas. Também a chuva, agora, pode obrigar muitos dos agricultores a uma colheita mais cedo. E o excesso de umidade tem preocupado os vitivinicultores, já que o clima é fundamental para obtenção de uma fruta de qualidade.
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– Até final de dezembro as coisas vinham bem. De lá pra cá temos sofrido com muita chuva. E para a uva, quando se está próximo da colheita, é um problema muito grande. Se o tempo não melhorar poderemos ter problemas nas variedades mais precoces, como a Chardonnaye, nas brancas, e Pinot Noir, nas tintas – comenta o produtor de São Joaquim Everson Fernando Suzin, sócio-diretor de vinícola. Para saber, no entanto, se a fruta apresentará uma boa qualidade, somente mais perto do período de colheita, de acordo com a Epagri.
Em Santa Catarina as regiões da Serra e Meio Oeste são as principais produtoras das uvas de altitude. Neste ano, mesmo com uma previsão de quebra da produção em São Joaquim – em torno de 10%, por conta da geada tardia em novembro – a produção deve ficar dentro da média com 1,6 milhão de quilos. No Meio Oeste a realidade é outra. Por lá, a quantidade de uvas deve ser maior que a do ano passado, conforme o presidente da Associação de Produtores de Vinhos de Altitude, Guilherme Grando.
– A gente terá uma recuperação, porque as vinícolas que sofreram nos últimos dois anos com a geada forte de 2015 vão se recuperar este ano. Prevemos uma produção 20% maior – afirma.
A cultura de uvas de altitude ocupa, em média, 500 hectares nas duas regiões. Como o próprio nome já indica, são produzidas em lugares altos, entre 900 e 1,3 mil metros acima do nível do mar. As principais uvas plantadas são as francesas Cabernet Sauvignon, Merlot Chardonnay e Sauvignon Blanc. A partir desse ano começam a ser colhidas pela primeira vez as variedades italianas e portuguesas. Por ano as vinícolas industrializam cerca de 1,4 milhão de garrafas. São 35 vinícolas que, juntas, têm mais de duzentos rótulos diferentes, com um faturamento anual estimado em R$ 150 milhões.
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Vindima para celebrar a safra
Para comemorar a colheita da uva, em março haverá a quinta edição da Vindima. Durante todo o mês, as vinícolas da Serra e do Meio Oeste preparam atrações aos turistas, como ajudar na colheita da uva, degustar os vinhos, piqueniques, fazer visitas guiadas e saborear almoços e jantares harmonizados. A maioria das vinícolas fica aberta de sexta a domingo. É uma forma que os vitivinicultores encontraram para desenvolver o turismo. Em outras edições, cerca de 50 mil pessoas passaram pelos eventos. É necessário fazer reservas para participar. As vinícolas ficam localizadas nas cidades de Bom Retiro, Campo Belo do Sul, São Joaquim, Treze Tílias, Urupema e Água Doce.