De um lado, cavalgando durante cinco dias nos campos serranos, um grupo de 16 pessoas, entre elas americanos, canadenses, escoceses e ingleses. De outro, nove ingleses e americanos sobem a Serra para observar pássaros raros só avistados na região. Mesmo sem números exatos sobre a vinda de estrangeiros para as altas altitudes catarinenses, segundo Ana Vieira, assessora de turismo da Associação dos Municípios da Região Serrana (Amures), é fato que as visitas internacionais contribuem para o aumento anual de 15% no número de turistas.

Continua depois da publicidade

— Nós ainda estamos fazendo um levantamento, mas existe a percepção que os estrangeiros têm vindo mais. O que nos coloca nesta concorrência internacional é o nosso cenário, a natureza, a lida do campo, a cultura serrana. Percebemos que nossas belezas têm atraído o turista que preserva a natureza, que gosta de sustentabilidade — afirma.

Exemplo disso é o papagaio-charão uma espécie de ave colorida, típica do sul do Brasil e que chama atenção de observadores do mundo todo. Eduardo Patrial é biólogo e guia de Observação de Aves, todos os anos eles traz estrangeiros para o Estado. De acordo com ele, são em torno de 300 espécies de aves como o papagaio-charão, o pedreiro, o peito-pinhão, a noivinha de rabo preto, sendo que algumas só ocorrem na Serra catarinense.

— Aqui é um destino muito interessante. Por conta da mata de araucária, tem muitas espécies que só ocorrem aqui nessa região.  Os estrangeiros têm esse costume observar aves e viajar há muito tempo. E aqui eles estão encantados com a beleza cênica do lugar — comenta.

 

Continua depois da publicidade

Leia também: Festival do papagaio-charão e do papagaio-do-peito roxo movimentam a Serra

Planeje-se: viajar na baixa estação pode gerar economia de até 65%, aponta site

 

Foi ele que acompanhou, no início de abril, os nove turistas ingleses e americanos. A observação começa em São Paulo, passa pela Serra Catarinense e termina no Rio Grande do Sul. Nancy Poydys é americana, se encantou com a região, e pela primeira vez conheceu o papagaio-charão.

 

Conhecendo a Serra em cavalagadas

Além do céu, as terras também revelam passeios inesquecíveis. O turismo equestre é outro seguimento que cresce. São pelo menos 300 pessoas de outros países que visitam a região todos os anos para cavalgar.  E há oito anos Paul Coudenys, um guia turístico Belga, inclui a Serra no roteiro de viagem. Ele mora no Brasil e, por isso, além de guia é tradutor. As cavalgadas na Coxilha Rica, região no interior que corta várias cidades serranas, duram em média de um a seis dias. Nesta semana, o grupo de turistas de 16 estrangeiros citados no início deste texto ficaram durante cinco dias cavalgando. O guia explica que em média sete grupos por ano visitam a região.

— São todos pessoas do mundo do cavalo. Pessoal que tem costume de andar pelo mundo inteiro. Fazem cavalgadas na Índia, na África do Sul. Eu cavalguei em 53 países no mundo e descobri um paraíso aqui na Serra. Com uma cultura equestre que é única no mundo — comenta.  

O roteiro inclui cavalgadas o dia inteiro, e o descanso e alimentação nas fazendas. São famílias que abrem as porteiras para receber esses visitantes.

Continua depois da publicidade

— Está se desenvolvendo muito bem na Serra. São 14 fazendas que são parceiras na região, com estruturas para receber os turistas tanto nacionais quanto estrangeiros. E a intenção é mostrar a nossa Serra Catarinense, a beleza que a gente tem aqui, preservada — afirma Robério Bianchini, agente de turismo, .

A recepção é a base de caipirinha e da comida típica brasileira. Carne de cordeiro, feijoada, paçoca e entrevero de pinhão estão entre as opções da culinária. Alasdair Grey é da Escócia e arranha o português, ele afirma ter se impressionado com a estrutura e a beleza da região.

— Aqui é fantástico, muitas coisas diferentes as pessoas são fantásticas. Eu quero retornar aqui. 

A operadora de turismo equestre na Escócia, Jill Dolan, já viajou pra 80 destinos no mundo e diz que na Serra o que chamou atenção foi a qualidade dos cavalos e os campos para cavalgar. Garantiu que vai voltar e mandar mais visitantes estrangeiros para Santa Catarina.

Continua depois da publicidade

 

Leia outras publicações de Eduarda Demeneck