Peço licença a todos vocês para dar espaço e permitir que o sentimento de um cidadão seja evidenciado aqui no Rolê. Meu amigo e repórter fotográfico Diógenes Pandini, da NSC Comunicação, acabou de fazer uma linda cobertura na Copa do Mundo da Rússia, para onde todos os olhos estiveram voltados. O cara está de volta e ainda mais engajado em questões que envolvem o bem-estar, ou não, do cidadão da Grande Florianópolis. Sendo assim, peço que leiam o desabafo do irmão enviou para o Rolê e para o nosso também querido Ânderson Silva, do DC.
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“O Carnaval não acabou”
Todo ano leio notícias sobre alguns problemas em relação à arrecadação do Carnaval de Florianópolis. A questão sempre se repete: falta de verbas, seja vinda de iniciativa privada ou pública. Ano passado, os recursos vindos da prefeitura foram liberados apenas um mês antes do desfile. De acordo com as reportagens da época, cerca de R$ 1 milhão foi para passarela do samba e R$ 450 mil para o blocos nos bairros da Capital. A iniciativa privada também investiu e, com a união de todos, o Carnaval manezinho aconteceu sob responsabilidade da Liga das Escolas de Samba de Florianópolis. Em 2018, a Secretaria de Turismo foi a responsável pelo evento e prometeu uma arrecadação maior através de editais e iniciativa privada.
Todo o investimento não adianta de nada se não houver manutenção. Hoje faz mais de 130 dias que o Carnaval da Ilha acabou e esse é o mesmo número de dias que os carros alegóricos estão abandonados atrás da passarela do Nego Querido. Como todo o local em que o estado não chega, o local foi invadido por desafortunados, viciados em crack e outras drogas utilizam o emaranhado de coisas entre os carros para se esconder e para se entorpecer.
O cenário de cores e alegrias adquire a cada abandono tons cinzas e queimados. Os carros alegóricos definham assim como os corpos de pessoas que por diversos motivos se refugiam nas drogas e ficam perdidos nesse mundo marginal, sem vontade, sem um estado ou uma iniciativa que consiga mudar seus infelizes destinos.
Sem futuro
Onde foi parar o dinheiro investido na passarela em 2017? É normal que um complexo de eventos como a passarela esteja com pelo menos uma de suas estruturas abandonadas dessa forma? Vidros quebrados e espaços cobertos usados como banheiros? O banheiro, invadido e destruído, com fezes e restos de utensílios usados para fumar crack. Materiais queimados em recentes incêndios ou fogueiras. Outros tantos materiais espalhados por todo o terreno.
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Um lugar que está na beira da praia e com restos de isopor, na margem, nas pedras. Fico a imaginar quantos já não foram levados e estão nas águas, já tão maltratadas e poluídas.
Em reportagem recente da Hora, publicada no dia 24 de julho, o superintendente de Turismo do Município, Vinicius De Lucca Filho, afirmou que em 15 dias, no máximo, o material teria sido retirado. Na sexta, por coincidência, estava próximo ao local e pude acompanhar os bombeiros apagando um incêndio nos carros alegóricos.
Voltei hoje (segunda) e pude ver aquele local com um olhar um pouco mais apurado e calmo. Fiquei uma hora no local, das
14h às 15h. Não encontrei ninguém trabalhando. O que encontrei foram algumas pessoas em situação de rua. Encontrei abandono. Encontrei restos.
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De quem era a responsabilidade do local? De quem é? Eu sei que é compartilhada entre as escolas de samba e a secretaria. Mas, a partir de uma visão ética e moral, quem é o responsável? Sempre escuto que as marchas de Carnaval são pensadas a partir do primeiro dia após o fim do último. Mas o que acontece quando o último ainda não teve seu fim?
O QUE DIZ A PREFEITURA
4 Em nota, a prefeitura informa que fará, nos próximos meses, melhorias na estrutura da passarela. Mas a intenção do município é fazer a cessão do espaço para um ente privado administrar e reformar toda a passarela. A proposta está sendo estudada por técnicos do município.