Amados, os protestos que tomaram conta do mundo, principalmente depois do assassinato brutal de George Floyd, deram uma trégua após o seu sepultamento. Aqui no Brasil, nossos movimentos também foram pras ruas para demonstrar repúdio ao genocídio do povo negro, que se estende por longos anos. Vimos camisetas estampadas com os rostos das muitas vítimas que tiveram suas vidas ceifadas pela ignorância extrema que os racistas produzem. 

Continua depois da publicidade

Agatha, João Pedro, Marielle, eram alguns dos homenageados nas passeatas organizadas pelas entidades que, incansavelmente, lutam contra as mazelas herdadas pelos bárbaros arranques do povo negro da mãe África. 

Protestos contra o racismo ganham força e devem continuar
Protestos contra o racismo ganham força e devem continuar (Foto: Pierre Rosa/divulgação)

Pois bem, penso que seja necessário continuar com os movimentos online, presenciais e ainda, que devemos criar novos métodos de ecoar nossa voz pelo fim das discriminações, pela punição dos criminosos e, óbvio, pelo fim das atrocidades. O que, a meu ver, não podemos permitir, é que oportunistas em pleno ano eleitoral se abracem momentaneamente as nossas causas e tornem algo tão histórico e importante, em palanques eleitorais.

Devemos, ainda, lembrar que protestar contra o racismo não é o mesmo que entrar na crise política que toma conta do país. Ainda que as pautas se encontrem em algum momento, é preciso gritar pela vida dos negros separadamente dos pedidos de saída do presidente, por exemplo. 

Hoje em dia estamos tão condicionados a separar esquerda e direita, que acabamos tropeçando em nossos próprios ideiais. Se partidos e movimentos se unissem em todo o país para única e exclusivamente exigir o fim do racismo, teríamos um efeito muito mais avassalador. 

Continua depois da publicidade

Imaginem, um único dia de passeatas e manifestações sem siglas partidárias, sem faixas que demonstrassem a preferência partidária, com vestes de cor única e , com um único grito. A exigência pela igualdade passa por políticas públicas que realmente funcionem, sei disso. 

Mas sei também, que um coletivo movido por ideais pacifistas sempre será mais forte do que a ignorância monopolizadora, escravista e genocida. Negros e antiracistas juntos. O que pode ser mais eficaz?

Leia mais:

Música e racismo devem ser conteúdos abordados em novo programa catarinense

Racismo: a força negra em Santa Catarina no combate às desigualdades raciais

“Tem mais tempo de escravidão no Brasil do que sem”, diz filósofa Djamila Ribeiro