No último sábado, acompanhei a nova investida da Polícia Militar de Santa Catarina numa das comunidades mais tradicionais do Estado. Desde a última quinta-feira, o Morro do Mocotó foi ocupado por mais de 600 policiais, que entraram na localidade, segundo o comandante-geral da PM Araújo Gomes, para iniciar uma operação de aproximação com a comunidade:
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Sabemos que o Mocotó é uma dos morros mais históricos da antiga Desterro. Levando em conta que a distância entre polícia e comunidade é algo que vivemos desde o início da povoação, como o senhor pretende conseguir uma aproximação?
O foco desta missão não está na apreensão de drogas, armas, ou na prisão dos envolvidos com tráfico no Mocotó. Mesmo que em algum momento nós tenhamos que cumprir o papel repressor, estamos aqui para resgatar a segurança.
Mas a presença da polícia não mantém toda uma comunidade acuada?
Os dois lados estão receosos, mas acredito que a médio e longo prazo ambos entenderemos que desejamos, pacificamente, o fim do sofrimento que existe com o alto consumo e a venda de drogas e, claro, em prol do fim do manuseio e do uso de armas.
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O senhor há de convir que somente a polícia não conseguirá trabalhar a prevenção numa comunidade como o Mocotó. Existem parcerias que entendem as necessidades, dispostas a desenvolver trabalhos aqui dentro?
Veja bem, a prefeitura da Capital está sendo uma das nossas maiores incentivadoras nesta empreitada, assim como a Secretaria de Estado da Assistência Social, Trabalho e Habitação. Nossa intenção para o futuro é ter aqui projetos destinados a crianças e jovens. Outro desejo meu é que a próprias ONGs que já têm trabalhos no Mocotó possam atuar com mais liberdade, sem ameaças dos envolvidos na estrutura do tráfico.
Comunidades históricas como o Mocotó têm um certo receio de abrir as portas para educadores sociais de fora da área, como será feito esse planejamento?
O trabalho da polícia com essa missão é o de resgatar a paz que o Mocotó merece ter. Depois de ter integradas as entidades de movimentos sociais, lideranças e vertentes do poder público que estarão engajadas, nosso trabalho será manter a casa em ordem. O que estamos fazendo aqui é um piloto, se der certo na mais tradicional comunidade da cidade, vamos conseguir replicar nas demais. Claro, sempre respeitando a peculiaridade e a história de cada lugar.
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Meu papo
Acredito que mais do que ter a policia na área, é importante que os moradores vejam algo novo e positivo acontecendo. Fica a dica para os gestores do poder público, entrem agora e mostrem o valor que nosso Mocotó merece ter.