Mais uma vez, um vídeo com relatos de racismo praticado em terras catarinenses, viralizou. Desta vez, um motorista de aplicativo que cumpria um de seus itinerários foi chamado de macaco por quatro vezes. O triste episódio rolou em São José, nas imediações do bairro Kobrasol, onde o vídeo de repúdio foi gravado pela vítima. Com isso, muitas pessoas começaram a me marcar nas redes sociais pedindo ajuda e visibilidade para o caso. Por isso escrevi estes pequenos pensamentos que me tomam diariamente. Saibam, cada palavra a seguir foi escrita com o coração.

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Amados, é lamentável que mais um caso de racismo praticado na nossa área venha à tona. De novo, um irmão acaba sendo alvo de ataques historicamente infundados, que se resumem a tentar menosprezar o que mais temos orgulho, o tom da nossa pele.

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Na boa, nós estamos no estado mais caucasiano do país, um dos mais racistas e segregadores (carinhosamente chamado de conservador). Por mais que o relato no vídeo seja passível de indignação e nos desperte uma vontade tremenda de tomar atitudes drásticas contra o agressor, penso que devemos pensar num todo.

Quantos irmãos e irmãs não tem um celular para gravar na hora do ataque? Quantos outros, sequer, se dão conta de que estão sendo vítimas de racismo? Vou além… sabiam que muitos desconhecem ou mal conhecem, as leis que deveriam lhes amparar?

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Nós todos sabemos que infelizmente, não veremos o fim do racismo. Mas, se cada um decidir mostrar o quanto é contra essa atrocidade, faremos o criminoso se calar. Sem a prática explícita, estaríamos de fato ecoando a voz da igualdade. Mas, pra isso, precisamos entender que a mão de obra barata (outrora escrava) já não estará mais a disposição das classes mais favorecidas e, que, seremos realmente todos parte de um todo.

Como seria bacana se as polícias (militar e civil), ministério público e judiciário, decidissem punir de fato os criminosos como manda a lei. Teríamos muito mais gente presa por racismo, do que pagando serviços comunitários e cestas básicas, que geralmente é a punição por injúria. Talvez, falte coragem para admitir a gravidade e efetuar a prisão. Não é mesmo?

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Se você assistiu ao vídeo e sentiu pena (dó) do rapaz que só quer seu direito garantido, precisa rever seus conceitos e entender que nenhum ser humano é digno de pena.

Agora, se ao final do conteúdo sua revolta se tornou extrema e a sede por justiça gritou, significa que você só precisa se declarar antirracista e também, que suas atitudes devem tomadas em prol da luta que travamos desde que os navios negreiros nos capturaram em nosso continente.

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