
O recém lançado projeto Quilombelas é uma idealização da comprometidíssima Cinthia Rosa. A queridona é engajada com questões sociais que visam enaltecer nossos guetos, é também, líder dentro de um dos barracões de samba mais antigo de Florianópolis, a Embaixada Copa Lord. O Quilombelas nasceu de um sonho que a Cinthia tinha de unir irmãs pretas da Grande Florianópolis, com ênfase na conexão dos mais diversos sentimentos gerados pelas sequelas “racimachistas” e também, no intuito de empoderamento e busca de reencontro com o que nos foi violado.
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O grupo foi montado diante do olhar de uma mulher preta que estudou o perfil de cada irmã e quis por em prática o processo de descolonização de cada preta que agregou, para que apenas criassem um vídeo conscientizador para as redes sociais.
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Em menos de um mês, a união de propósito e ideias, unidas a uma força ancestral que as conduziu numa busca de mais sobre si mesmas, de expandir e amplificar as vozes, entre falas, escutas, dolorosas experiências de negação da própria existência.
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Por enquanto, o grupo é formado por 18 pessoas, que tem suas discussões e debates via aplicativos de conversa. É por lá também que acontecem os planejamentos das próximas ações, sem a intenção de um alcance maior de pares negros. O grupo nasceu da luta do povo preto, que segue resistindo a “re – existindo”.
Amor em atitudes é o que podemos esperar destas belas que chegam chegando, informando e sendo informadas sobre a cura e nosso jugo. EMPODERAMENTO, AUTOAMOR E RESIGNIFICAÇÃO SÃO OS EIXOS PRINCIPAIS

As fotos que vocês veem aqui na página são resultado do olhar sensível do querido Pedro Machado, que abraçou a causa com todo cuidado e sensibilidade. O ensaio proporcionou uma espécie de espelho das almas femininas e negras. Para Cinthia, estes cliques representam uma resignificação que as acarinhou e levou a “afroestima”, outrora esquecida, para um lugar nunca visitado dentro de corpos hipersexualizados, estigmatizados e violados historicamente.
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Inegavelmente, pela necessidade de reconectar-me com minha ancestralidade e reconstruir minha força.
Por entender que 400 anos de escravidão moldaram o gosto estético deste país e que a consequência disso é abandono, dor e solidão.
Aquilombei-me para que pudesse estabelecer com minhas IRMÃS PRETAS, o autocuidado, autoamor, afeto, respeito, proteção. E para que pudéssemos incansavelmente conectar sentimentos, falas e escutas, por tantas e tantas vezes apagadas.
Aquilombei-me para retirar a mulher branca que carreguei no espelho de minha alma, para que fosse minimamente aceita.
Aquilombei-me para lutar contra a falácia de uma falsa liberdade que desintegra e esmigalha nossos acessos e sonhos.
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E enfim buscar acalanto que minha alma tanto anseia.
E por entender e para perceber que nessa busca não estou só, e sim, irmanada.
E sim, foi por me aquilombar e com todas vivências de minhas irmãs, que tenho conseguido me livrar de amarras e mordaças de uma sociedade racista e machista, que com seu patriarcado insiste em ver-me como corpo e não desiste de hiper sexualizar o mesmo e desfigurar o tanto de África que há em mim.
Seguimos voltando para casa.
Você aí, tem buscado seu caminho de volta pra nossa casa?
Projeto Quilombelas de empoderamento feminino negro SC.
