O grupo nasceu da luta do povo preto, que segue resistindo a
O grupo nasceu da luta do povo preto, que segue resistindo a “re – existindo”. (Foto: Pedro Machado Fotografias / Divulgação)

O recém lançado projeto Quilombelas é uma idealização da comprometidíssima Cinthia Rosa. A queridona é engajada com questões sociais que visam enaltecer nossos guetos, é também, líder dentro de um dos barracões de samba mais antigo de Florianópolis, a Embaixada Copa Lord.  O Quilombelas nasceu de um sonho que a Cinthia tinha de unir irmãs pretas da Grande Florianópolis, com ênfase na conexão dos mais diversos sentimentos gerados pelas sequelas “racimachistas” e também, no intuito de empoderamento e busca de reencontro com o que nos foi violado.

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O grupo  foi montado diante do olhar de uma mulher preta que estudou o perfil de cada irmã  e quis por em prática o processo de descolonização de cada preta que agregou,  para que  apenas criassem um vídeo conscientizador para as redes sociais.

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Grupo é formado por 18 pessoas
Grupo é formado por 18 pessoas (Foto: Pedro Machado Fotografias / Divulgação)

Em menos de  um mês, a união de propósito e ideias, unidas a uma força ancestral que as conduziu numa busca de mais sobre si mesmas, de expandir e amplificar as vozes, entre falas, escutas, dolorosas experiências de negação da própria existência.

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Por enquanto, o grupo é formado por 18 pessoas, que tem suas discussões e debates via aplicativos de conversa. É por lá também que acontecem os planejamentos das próximas ações, sem a intenção de um  alcance maior de pares negros. O grupo nasceu da luta do povo preto, que segue resistindo a “re – existindo”.

Amor em atitudes é o que podemos esperar destas belas que chegam chegando, informando e sendo informadas sobre a cura e nosso jugo. EMPODERAMENTO, AUTOAMOR E RESIGNIFICAÇÃO SÃO OS EIXOS PRINCIPAIS

O ensaio proporcionou uma espécie de espelho das almas femininas e negras.
O ensaio proporcionou uma espécie de espelho das almas femininas e negras. (Foto: Pedro Machado Fotografias / Divulgação)

As fotos que vocês veem aqui na página são resultado do olhar sensível do querido Pedro Machado,  que abraçou a causa com todo cuidado e sensibilidade. O ensaio proporcionou uma espécie de espelho das almas femininas e negras. Para Cinthia, estes cliques representam uma resignificação que as acarinhou e levou a “afroestima”, outrora esquecida, para um lugar nunca visitado dentro de corpos hipersexualizados, estigmatizados e violados historicamente.

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Inegavelmente, pela necessidade de reconectar-me com minha ancestralidade e reconstruir minha força.

Por entender que 400 anos de escravidão moldaram o gosto estético deste país e que a consequência disso é abandono, dor e solidão.

Aquilombei-me para que pudesse estabelecer com minhas IRMÃS PRETAS, o autocuidado, autoamor, afeto, respeito, proteção. E para que pudéssemos incansavelmente conectar sentimentos, falas e escutas, por tantas e tantas vezes apagadas.

Aquilombei-me para retirar a mulher branca que carreguei  no espelho de minha alma, para que fosse minimamente aceita.

Aquilombei-me para lutar contra a falácia de uma falsa liberdade que desintegra e esmigalha nossos acessos e sonhos.

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E enfim buscar acalanto que minha alma tanto anseia.

E por entender e para perceber que nessa busca não estou só, e sim, irmanada.

E sim, foi por me aquilombar e com todas vivências de minhas irmãs, que tenho conseguido me livrar de amarras e mordaças de uma sociedade racista e machista,  que com seu patriarcado insiste em ver-me como corpo e não desiste de hiper sexualizar o mesmo e desfigurar o tanto de África que há em mim.

Seguimos voltando para casa.

Você aí, tem buscado seu caminho de volta pra nossa casa?

Projeto Quilombelas de empoderamento feminino negro SC.

Foto
(Foto: Pedro Machado Fotografias / Divulgação)