Como é de conhecimento de todos, as pipas, papagaios e pandorgas tem um nome específico dependendo da região do país, e aqui em Santa Catarina não é diferente. Os brinquedos feitos de papel de seda colorido, cola, linha 10 e sacolas plásticas são baratos e, com um bom vento soprando, vão tão longe que chegam a ultrapassar os prédios mais altos.
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Geralmente as pipas são vistas perto de comunidades empobrecidas, onde as brincadeiras caras que assistimos nas propagandas não são acessíveis. Esses objetos voadores fazem parte de muitas culturas. Nos guetos, especificamente, é uma cultura hereditária.
Tanto que é comum vermos avôs, pais e filhos empinando suas belas pipas feitas com muitas mãos. São gerações e mais gerações promovendo diversão através do vento. Sinto saudades da época em que o antigo aterro da baía sul era utilizado para a realização dos festivais, que tinham regras para os cortes, onde não era permitido o uso de itens cortantes nas linhas e, claro, das premiações pela originalidade e permanência de voo.
Pois bem, toda cultura merece ser cuidada, concordam? Com as escolas, creches e projetos sociais fechados as pipas estão aparecendo aos montes, em diversos cantos das nossas cidades. Com isso, aumentam os riscos de trágicos acidentes que podem, inclusive, fazer vítimas fatais. Vocês devem lembrar das tristes matérias que rolaram na mídia sobre motociclistas que se machucaram ou perderam suas vidas em consequência das linhas com cerol.
Seria bacana, muito bacana, se as associações de bairros e lideranças comunitárias encontrassem maneiras de garantir que a brincadeira da molecada (muitas vezes a única) fosse mais segura. O uso de cerol não é só um descumprimento da lei, mas uma arma tão letal quanto as de fogo. Pensem comigo, será muito triste ter que explicar para uma criança que o que ela conheceu como sendo uma brincadeira, matou alguém. É uma questão de consciência. Certo?
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