Ilustrações da Operação Lava Jato e reflexões ao País marcaram boa parte da palestra do juiz federal Sérgio Moro, nesta manhã, no Tribunal de Justiça de Santa Catarina, em Florianópolis. Ele participou de um seminário sobre o crime organizado.
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– Como chegamos nesse nível de degradação na prática da administração pública e na política? E como podemos sair? – indagou Moro ao se referir à corrupção.
A exposição do magistrado começou por volta das 9h40min e durou pouco mais de uma hora. No primeiro minuto, citou a contribuição de juízes catarinenses com a Lava Jato e em seguida passou a fazer uma descrição geral da Operação.
Segundo ele, também é possível tirar lições mais gerais sobre esse processo para ações contra o crime violento, por exemplo, o tráfico de drogas.
Moro detalhou como funcionava o esquema de pagamento de propina na Petrobras a partir do loteamento de cargos e o envolvimento dos então executivos da companhia. Ele evitou citar nomes dos envolvidos.
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A primeira exceção foi quando citou o ex-ministro Gedel Vieira Lima, o dono de mais de R$ 50 milhões apreendidos em um apartamento pela Polícia Federal.
–Ele foi alvo de investigações na década de 1990 nos anões do orçamento, mas nada aconteceu. O quanto poderia ter sido evitado se a carreira criminosa dele tivesse sido interrompida lá atrás – questionou.
Em geral, o juiz federal defendeu a criação de forças-tarefas para casos complexos pela polícia e Ministério Público, foco e recursos.
Discorreu também sobre a necessidade de prisões preventivas, a máfia italiana, os valores astronômicos desviados da Petrobras (mais de R$ 3 bilhões), o dinheiro enviado por condenados para a Suíça, o mensalão, entre outros temas.
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– Não é possível cuidar do grande mafioso se tem que cuidar do ladrão de carteira – comparou.
Ao final, a organização abriu para perguntas dos participantes.
Manifestação na frente do TJ-SC
Houve manifestação na frente do Tribunal de Justiça contra o juiz. Cerca de 30 pessoas participaram do ato antes do começo da palestra de Moro. Levaram faixas pró-Lula e de apoio ao ex-presidente.
Com megafone, eles atacaram o juiz federal o chamando de "corrupto e vendido". A PM colocou motos e policiais na frente do prédio. Havia policiais à paisana no local. O magistrado entrou pelos fundos, segundo relataram policiais.
Algumas outras frases de Moro no evento:
“A corrupção é areia e não graxa para a economia”.
“O Brasil não tinha tradição de aplicação da lei forte para esse tipo de atividade (corrupção e lavagem de dinheiro)”.
“A impunidade não é o único fator da corrupção, mas acaba sendo fator estimulante”.
“Alguns executivos (da Petrobras) não resistiram e passaram a pegar parte do dinheiro para eles mesmos”.
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“O Judiciário não deve se comportar como guardião de segredos sombrios de governantes”.
“O juiz nunca pode julgar segundo a opinião pública, mas diante dos fatos e da lei”.
"Até hoje ouço piada dos juízes que sou juiz de um caso só (Lava Jato)".