Cinco noites consecutivas com algum tipo de ataque a tiros na Grande Florianópolis. Bases da Polícia Militar, casas de policiais militares, viatura do Departamento Prisional, guarita do centro administrativo e na noite passada à 2ª Delegacia de Polícia, no Saco dos Limões, na Capital.

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Há um inevitável clima de tensão entre policiais, principalmente com a segurança dos familiares. O histórico desse tipo de atentados no Estado – desde 2012 foram cinco violentas ondas – diz que essas ações criminosas coordenadas podem estar sendo ordenadas por comandos criminosos.

A Secretaria de Segurança Pública reafirma que se tratam de represálias às ações das polícias no combate ao crime. Apesar disso, já começa a pontuar um conjunto de fatores no eixo principal do crime organizado que mais uma vez desafia as forças estaduais

Nesta entrevista, nesta quarta-feira de manhã, o secretário de Segurança Pública, Alceu de Oliveira Pinto Júnior, afirmou que também há transferências de lideranças criminosas presas que podem estar gerando os delitos. Alceu considera os casos pontuais e garante que a segurança está conseguindo frear a intensidade dos crimes. Confira:

São cinco noites de ataques. O histórico indica que pode haver um comando criminoso com ordens. Vocês estão levando isso em conta além da represália?

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Tem um mapeamento disso. Porque trabalhamos junto com a Secretaria de Justiça e Cidadania com algumas transferências de presos também ligados a lideranças de grupos criminosos. Estamos nos antecipando a algumas movimentações de lideranças como aconteceu no caso de Tijucas recentemente.

O senhor acredita que a transferência de presos pode também ser um dos motivos dos ataques?

É um conjunto. Tem transferência de preso, antecipamos as ações do crime, vai partir uma arma para tal lugar ela é apreendida, vai se deslocar uma liderança para determinado lugar ela é apreendida, no caso infelizmente no confronto ela veio a falecer. Tudo isso gerou o enfraquecimento das organizações e o pessoal está no desespero. ‘Vamos fazer um atentado, algumas ações isoladas’. Quando a ação é organizada, ‘ah vamos tentar via expressa’. Em dez minutos correu todo mundo ali, dispersou o grupo e acabou.

Mas existe a antiga suspeita de que estejam partindo das cadeias em ordem geral?

Hoje tem outros tipos de salves, o salve leal alguma coisa assim, que quando acontece alguma coisas as ações são automaticamente desencadeadas. Pela desarticulação que está acontecendo, e a prisão de lideranças, acabam tendo ações isoladas. Dá para garantir que não terá mais nenhuma? Não dá para garantir. Pega um moleque, resolve dar dois tiros em uma delegacia e está aí uma ação.

Quais as medidas que estão sendo tomadas para evitar que isso se transforme novamente em uma grande onda de ataques pelo Estado?

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Essas medidas que estão dando certo. Desde o final de semana a gente não deixou se criar uma nova onda pelo Estado. Algumas iniciativas pontuais estão acontecendo mas bem menos do que poderia acontecer se não fosse a rápida intervenção. Pessoal da inteligência está trabalhando muito bem.

Há um clima de tensão com as famílias dos policiais, pois há ataques nas casas. Como está sendo essa prevenção?

Existem procedimentos operacionais de proteção mútua e alerta. A gente coloca sempre que tem, as inteligências dividem conforme o nível de confiabilidade das informações. Temos um conjunto de ações de proteção por proximidade, lotação e institucional. Fazemos uma rede bem específica.

Em relação a Tijucas, há mortes em confronto e série de problemas com o crime. Como o senhor avalia a situação que vem ocorrendo nesta cidade?

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Tijucas sempre foi um ponto importante de atividade criminosa e ligação com o tráfico muito grande. O trabalho realizado em Tijucas para dar uma limpada lá, fechar as bocas, posicionar nos locais, deu muito certo. Houve prisões e infelizmente mortes em confrontos, mas se limpou Tijucas. Há um cuidado agora para outra facção não assumir.

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