Caberá à Justiça decifrar e decidir o futuro de polêmicas chaves nesta paralisação dos caminhoneiros, com desfecho lamentável de cenas de violência, principalmente no Sul do Estado.
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Quem realmente são e por quais motivos agiram pessoas identificadas e apontadas como infiltradas no movimento grevista são pontos importantes que devem ser esclarecidos.
Causas ideológicas, cunho político, correntes empresariais e uma infinidade de ênfases são levadas em conta e cogitadas. Mas por que descambar para o lado criminoso, a incitação ao apedrejamento?
Este é o questionamento que mais intriga policiais federais, civis e militares catarinenses. Um raciocínio de um experiente delegado da Polícia Federal compara as cenas vistas em Imbituba, no trevo da Ferju (BR-101), com a expressão “mistura na boiada”. Algo semelhante ao que acontece, infelizmente, entre torcedores de futebol.
Ou seja, a presença de insufladores da violência no ambiente coletivo, de massa, mais exaltados, “puro sangue” e que mais tarde sequer sabem responder o motivo de terem agido assim. Baderneiros, os “sem noção”. Gente querendo instalar o caos e ver o circo pegar fogo.
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Em Imbituba, um carro ocupado por uma família que levava uma criança foi apedrejado. Ato bárbaro e visto por policiais como tentativa de homicídio. Na mesma cidade, um policial militar foi espancado ao cair de moto.
Mesmo que os nervos estivessem à flor da pele, o que se viu naquela região e em outras partes do Brasil foram atos inaceitáveis. Nada a ver com reivindicações por melhorias de trabalho e econômicas. Em Rondônia, um caminhoneiro de 70 anos morreu com uma pedrada na cabeça.
– Os depoimentos que colhemos caminham para um viés ideológico. Só que para nós policiais o que constatamos foram atos criminosos e não de ideologia. Eu mesmo fiquei horas conversando com o pessoal no trevo da Ferju e vi que mais de 80% dos caminhoneiros estavam com medo, sendo coagidos – descreve o delegado regional de Laguna, Raphael Giordani.
A polícia identificou e fotografou ônibus que trouxeram os chamados infiltrados. Foram apreendidos miguelitos em meio a laranjas. Miguelitos são pregos ou ferros retorcidos comumente usados por assaltantes para furar os pneus dos carros da polícia.
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O líder do grupo no Sul foi preso em flagrante. Um detalhe é que foi autuado tanto pela Polícia Civil quanto pela Polícia Federal. Ele se diz caminhoneiro local, o que a polícia desconfia que seja verdade.
Um outro desdobramento judicial polêmico estará em torno do locaute que mira principalmente donos de transportadoras e empresas. A Polícia Federal considera essa investigação no Estado como carro chefe por trás das manifestações e toma depoimentos em todas as regiões.