Motoristas e intermediadores estão entre os 13 presos em Santa Catarina na Operação Desvio Certo. A ação da Polícia Civil de São Paulo com o apoio da Polícia Civil catarinense capturou integrantes de uma quadrilha especializada em comunicar falsos roubos de cargas. Até agora, os valores chegam a R$ 8,3 milhões, mas os receptadores ainda não foram identificados. Ao todo, 20 pessoas foram presas.
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Dos 25 mandados de busca e apreensão expedidos no Estado, a maioria foi cumprida em Indaial, no Vale do Itajaí. As prisões foram em Ascurra, Aurora, Blumenau (3), Guabiruba, Indaial (4), Timbó, Trombudo Central e Itapema. Além destas cidades, houve buscas em Porto Belo, Rio do Sul, São João Batista, Navegantes, Barra Velha e Balneário Camboriú.
Na manhã desta terça-feira, em entrevista coletiva na Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), em Florianópolis, policiais civis de Teodoro Sampaio, interior de São Paulo, deram detalhes de como agia o bando, mas não apresentaram os presos nem divulgaram nomes.
A investigação paulista começou em abril de 2017 com a apreensão de um caminhão com 11 toneladas de queijo parmesão produzido em Minas Gerais. A partir do telefone celular de um dos presos identificado como Sidemar, fotos e conversas em aplicativos, a polícia constatou que se tratava de uma quadrilha com membros de São Paulo, Santa Catarina e Paraná.
As cargas saíam do destino e não chegavam aos destinatários porque motoristas desviavam e comunicavam falsos registros de roubo à polícia – há casos até de condutores que faziam lesões corporais para dar a impressão de veracidade aos roubos, crimes que na verdade não aconteciam. Com a ajuda de intermediários, revendiam as mercadorias por preço até 50% inferior ao da nota fiscal. Foram registrados cinco falsos boletins de ocorrência, um deles em Santa Catarina.
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– As empresas eram vítimas de motoristas associados a criminosos. Não houve a identificação dos receptadores, o que pretendemos pegar agora a partir dos telefones apreendidos – disse o delegado de Teodoro Sampaio, Edmar Rogério Dias Caparroz.
A polícia também não informou se havia empresários catarinenses vítimas dos desvios. Um representante da Federação das Empresas de Transporte de Carga e Logística de SC (Fetrancesc) esteve na Deic e destacou a importância da polícia chegar aos receptadores.
As mercadorias desviadas eram do setor têxtil, de vestuário, calçados, aparelhos de cozinha (fogões), de alimentos (palmitos e carnes), entre outros.
Presos serão levados para São Paulo
A movimentação de viaturas e policiais de São Paulo era grande na manhã, na Deic, no Estreito. Os presos serão trazidos ainda hoje a Florianópolis e depois transferidos para o interior de São Paulo.
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As prisões são temporárias por cinco dias e podem ser prorrogadas. Também foram apreendidos dois revólveres e por isso houve duas prisões em flagrante.
– Destaco a importância da troca de informações entre as polícias dos Estados. Ano passado tivemos aqui outra operação, sem conexão com essa, mas em que os envolvidos foram condenados ao total de mais de 200 anos de prisão – lembrou o diretor da Deic, Adriano Bini.
A polícia catarinense foi avisada em novembro da investigação de Teodoro Sampaio e passou a apoiar em SC com levantamentos, segundo o delegado Rodrigo Bortolini, da Divisão de Furtos e Roubos de Veículos da Deic.