Ela não teme cadeia por perto. Defende o perdão, acredita que o trabalho e o ensino permitem a recuperação. É favorável ao isolamento dos insociáveis e por isso permitiu a construção da única unidade prisional de segurança máxima de Santa Catarina.
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Sisi Blind (PP), a prefeita de São Cristóvão do Sul, no Planalto Serrano, é dada pelo Estado como forte parceira do sistema penitenciário. Pastora, comanda pelo segundo mandato o município de 5.499 habitantes. Pequeno, pacato e pouco frequente em noticiários policiais. Nem parece: São Cristóvão abriga duas prisões com total de 1,7 mil detentos, o equivalente a 27% da população.
– São seres humanos que estão lá, cometeram erros. Não temos no nosso País nem pena de morte nem prisão perpétua. Significa que todas as pessoas encarceradas retornam para a sociedade. A pergunta é: como a gente quer que elas retornem: pior que foram ou instruídas e melhoradas? – indaga a prefeita.
Mais perigosos
Até o final do ano, a Secretaria da Justiça e Cidadania ativará a terceira cadeia em São Cristóvão do Sul, situada na região de Curitibanos. Será o presídio de segurança máxima com 130 vagas. Entre os futuros prisioneiros estarão os mais perigosos. São chefes de facção, lideranças negativas e poderão receber o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).
– Se tenho dois presídios, e ali tem pessoas que estamos buscando a reconstrução, como vou deixar esses que praticaram delitos médios conviver com aqueles que cometeram delitos bem mais graves? Temos de fazer a separação, isolar aqueles que não têm condição de viver socialmente.
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Giro na economia
Sisi é vista quase que como uma raridade. Afinal, são pouquíssimos os prefeitos que aceitam presídios. Crente na tese de possibilidades e oportunidades como essenciais para um novo caminho, ela garante também que as prisões movimentam a economia local.
Em São Cristóvão do Sul, 100% dos detentos de uma das unidades trabalham. A produção inclui 200 camas por dia, travesseiros, estofados em geral, cabos de vassouras, brinquedos de madeira, artefatos de cimento, metalúrgica, reciclagem de lixo e secagem de lâminas.
Mais policiais
Atualmente, Sisi admite que o presídio de segurança máxima gera receio de insegurança e reclamações entre moradores. Na quarta-feira, o comando da PM sinalizou pelo reforço de mais dois policiais no efetivo. Mesmo assim, ela não titubeia sobre o que pensa da violência:
– Ter mais policiais na rua não significa menos criminalidade. A violência é fruto da situação econômica, social e ética da pessoa, que precisa ter trabalho, escola, comunidade, família, igreja.
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