Mesmo com investimentos fortes em contratações de policiais militares e civis, Santa Catarina não conseguiu conter a escalada da criminalidade. Em 2017, houve uma explosão assustadora de mortes violentas nas duas principais cidades catarinenses. Juntas, Florianópolis e Joinville registraram mais de 300 vidas perdidas, a maioria em execuções à bala.

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Houve confrontos de facções criminosas, crimes bárbaros filmados e divulgados em redes sociais, chacinas, inocentes assassinados, tiroteios de dia em lugares movimentados, baixas de policiais, um preocupante aumento de mortes em intervenções policiais e atentados nas ruas voltaram a acontecer após três anos. O que esperar da Segurança em 2018?

As respostas estão longe até mesmo do agora denominado centro administrativo da Segurança Pública, no Continente. O moderno espaço de três torres foi construído para integrar os órgãos da área em investimentos vultosos de R$ 89 milhões. Nos bastidores, cresce a cogitação que o atual secretário de Segurança, promotor César Grubba, não permanecerá. Grubba está no cargo desde o primeiro mandato do governador Raimundo Colombo (PSD), em 2011.

Colombo anunciou que deixará o governo para concorrer ao Senado e o vice Eduardo Pinho Moreira (PMDB) assumirá. Por enquanto, os nomes dados para substituir Grubba caso Pinho opte por mudança são meras especulações. Há quem aposte no secretário-adjunto, o delegado Aldo Pinheiro D’Ávila ou no desembargador aposentado Nelson Schaeffer Martins.

Políticos com força por Pinho Moreira também são cotados. O principal é o deputado federal de Criciúma Ronaldo Benedet (PMDB), secretário de Segurança em boa parte dos dois mandatos do governo Luiz Henrique da Silveira (PMDB). Um outro nome seria o do deputado e delegado aposentado Maurício Eskudlark (PR). Nas polícias, a troca dos comandos também deverá se concretizar.

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Independentemente dos novos ocupantes, os desafios serão imensos e com menos recursos. O mais urgente: diminuir radicalmente o número de homicídios. Para isso, a importância de um plano macro de segurança que ofereça políticas públicas como educação, cidadania, lazer, inclusão social e perspectivas de vida longe do crime. Hoje, é altamente preocupante o nível de enfrentamento e não de prevenção em áreas dominadas por criminosos, como o norte da Ilha de SC e o Continente.

O mesmo acontece em bairros distantes do Centro de Joinville. Sem a devida atenção do poder público, violentos traficantes mandam e desmandam. Reaproximar a Polícia Militar das comunidades se tornou prioridade. Já na Polícia Civil é preciso uma fórmula para reinventar o papel de investigação às delegacias, hoje burocráticas estruturas de registros de boletins de ocorrência – com exceção das especializadas, cujo trabalho tem sido intenso e deve ser fortalecido.

Melhorar a integração policial, desencadear ações permanentes de vigilância na fronteira e nas divisas contra a entrada de armas e drogas, aprimorar a gestão do sistema socioeducativo com adolescentes infratores são cruciais. Assim como a conexão entre o Judiciário, o Ministério Público, os conselhos de segurança e o setor privado. Do contrário, restará apenas torcer para não ser alvo da violência.