Típico caso de CSI americano um falso suicídio dentro de uma unidade prisional catarinense desvendado pela Polícia Civil. Graças à perspicácia, à técnica de peritos e à integração das equipes de várias instituições – o que tanto a sociedade espera –, um assassinato acabou sendo descoberto.
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A vítima: o detento Adir Antunes Fernandes, 51 anos, da Colônia Penal Agrícola de Palhoça. Ele estava num alojamento com outros 22 colegas de cela. O corpo apareceu enforcado no dia 12 de março, no alto da grade, ao lado de um balde, dando a entender que Adir o usou como banco para ficar suspenso e tirar a vida.
O Instituto Geral de Perícias (IGP) esteve no cárcere, fez fotos, medições e análises. A Polícia Civil abriu inquérito. No Instituto Médico Legal, o laudo cadavérico denunciou: havia no corpo sinais de estrangulamento. Ou seja, ferimentos causados antes do suposto suicídio.
A polícia não gosta de divulgar os meios específicos das técnicas de investigação, mas quase sempre recursos tecnológicos são utilizados para chegar aos envolvidos. Dentro do que é possível ser informado, a delegada Raquel Freire, da Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Palhoça, ilustra o que foi feito:
– Na linguagem técnica costuma se dizer que o corpo fala o que aconteceu. Neste caso, mostrou o estrangulamento. Graças à troca de informação do núcleo de inteligência do Deap (Departamento de Administração Prisional) com nossos investigadores, foi gerada uma desconfiança. Com o que temos, chegamos ao mandante, ao coordenador e ao executor do crime – disse a delegada, que atua desde 2013 na DIC de Palhoça.
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Não bastasse ter desmascarado o falso suicídio, a polícia concluiu que se trata de uma morte encomendada e conseguiu chegar aos mandantes: outros presos líderes de uma organização criminosa que estão na Penitenciária de São Pedro de Alcântara. Mesmo trancafiados, com pesadas condenações, insistem em perpetuar a violência e eliminar desafetos. Nem que seja por pequenas desavenças.
– Ele (mandante preso) ficou estupefato no depoimento quando mostrei as provas que tinha. Foi uma satisfação como policial mostrar que os crimes vão ser descobertos – enalteceu a delegada.
O detento que morreu estava há pouco tempo na Colônia Penal de Palhoça. Tinha sido transferido de São Pedro de Alcântara. No meio policial, esta unidade prisional é tida como QG (quartel general) da facção. Com a apuração praticamente encerrada, no fim de março, a Justiça decretou as prisões de três envolvidos, que poderão ir a júri popular pelo crime.
Como diria o falecido delegado Renato Hendges, o Renatão, bandidos sempre deixam rastro e não existe crime perfeito e sim investigação mal feita. O delegado-geral da Polícia Civil, Marcos Ghizoni, disse que a apuração de Palhoça poderá servir de case na Acadepol, a academia de formação de policiais.
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