Alessandra dos Santos Bernardino, 19 anos, saiu de Imbituba, no Sul de Santa Catarina, para se divertir em Florianópolis. Esteve em um baile funk, onde foi vista pela última vez ao pegar o telefone celular e gravar um vídeo.

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A polícia suspeita que tenha sido em algum dos morros da área Central da Capital como Mocotó ou Penitenciária. Uma semana depois, policiais encontraram o corpo de Alessandra em São José com marca de tiro. Um crime bárbaro, no final de abril.

O motivo ainda está em investigação e intriga policiais. Há suspeita da ação de criminosos integrantes da facção surgida no Estado. A família a procurava havia uma semana.

O trágico destino chocou amigos e chamou a atenção de policiais para uma realidade assustadora: mulheres também passaram a ser alvo da violência de organizações criminosas. Não há levantamento a respeito e sim uma constatação de investigadores de homicídios, desaparecimentos e tráfico de drogas.

Sempre de forma cruel, com sofrimento. Há casos de mortes, espancamentos, garotas ameaçadas, decretadas e corpos ainda sumidos. Relações com faccionados, o falso glamour, a inocência, consumo de drogas, os romances bandidos e a chamada “vida loka” são hipóteses levantadas para a aproximação criminosa.

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Em novembro de 2017, Thuane Gonçalves da Cruz, 20 anos, foi assassinada a socos, pauladas e golpes de faca. Depois, o corpo queimado ainda vivo ao lado de Rudimar Muller. O casal teve a cabeça decepada. As cenas foram filmadas e divulgadas em redes sociais. Thuane não teria envolvimento criminoso. Mesmo assim, morreu de forma cruel e sem piedade.

Os corpos foram encontrados em Palhoça. A Polícia Civil agiu rápido, identificou e prendeu os autores. O que fica desses casos sangrentos e monstruosos? Que é preciso rever tudo o que está sendo feito – ou não está sendo feito. Desde educação, infância e juventude, ensinamentos, culturas, opções de vida, moradia, vida em família.

Não é possível que jovens estejam sendo atraídas por facções e caindo em armadilhas sem que familiares, amigos ou uma rede de proteção estejam atentos, preocupados e dispostos a mudar o cenário de forma urgente. Antes que seja tarde, o cuidado se faz necessário para evitar uma explosão de mulheres que acabam se vendo envolvidas na vida criminosa e presas.

Um percentual delas faz isso após a prisão do companheiro, geralmente no tráfico. Hoje, o sistema prisional catarinense feminino abriga 982 mulheres. A demanda está em crescimento. Criciúma ganhou uma penitenciária e há construções de presídios em Chapecó, Joinville e Itajaí.

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