Ao pisar no Tribunal de Justiça, na manhã desta segunda-feira, em Florianópolis, o juiz Sérgio Moro certamente vai rever amigos e ex-colegas dos tempos em que atuou em Santa Catarina, na 3ª Vara Federal de Joinville, no começo dos anos 2000.
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O período agora é outro. Nos holofotes à frente da Operação Lava Jato, festejado e questionado ao mesmo tempo, o magistrado retorna para apontar os desafios da Justiça diante do crime organizado. Ele participará de um seminário promovido pelo judiciário catarinense.
O juiz mais conhecido do Brasil dificilmente deixará de exemplificar alguma situação vivida nos processos de Curitiba, embora tenha como hábito não comentar fora dos autos nem dar entrevista a respeito.
A Santa Catarina que presenciará agora também não é mais a mesma daquela que encontrara há duas décadas. Explosão de assassinatos, ondas de atentados nas ruas, duas facções criminosas se digladiando pela supremacia do tráfico de drogas, servidores da segurança e da justiça assustados com a violência batendo à porta de um dos Estados até então menos violentos do País.
Responsável pelo convite a Moro, o presidente do Tribunal de Justiça, Rodrigo Colaço, tem priorizado ações que aproximem e fortaleçam a segurança pública. Ainda nesta segunda-feira, após a palestra do juiz da Lava Jato, será oficializada a Vara do Crime Organizado da Capital.
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O seminário é aguardado com bastante expectativa no meio jurídico e terá também a presença do ministro do STF, Luís Barroso, cuja palestra será à tarde. O ministro Rogério Schietti Cruz, do STJ, e o promotor Sérgio Bruno Fernandes, do Distrito Federal, que atuou na Lava Jato, são os demais painelistas.
A semana, aliás, promete trazer intensos debates, iniciativas e novas ideias para o Estado no combate ao crime organizado. O tema será o assunto principal de mais dois seminários importantes.
De quarta a sexta-feira, na Universidade Federal de Santa Catarina, haverá o V Seminário Internacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Segurança Pública. A exposição mais aguardada é a do promotor Lincoln Gakiya, de São Paulo, considerado referência nacional em conhecimentos e ações contra a maior facção do Brasil.
Já na quinta-feira, na Faculdade Estácio de Sá, em São José, será realizado o seminário de inteligência penitenciária e socioeducativa do Governo do Estado.
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Autoridades estaduais, nacionais e internacionais abordarão principalmente como barrar as duas facções criminosas que agem em Santa Catarina.
O que a sociedade espera de tudo isso: prevenção, integração, inteligência, força, agilidade, entrosamento, união, ações práticas, apartidarismo. O volume de exigências é enorme, tal qual a responsabilidade de todos com a paz coletiva da população.
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