O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou o Atlas da Violência com dados de 2016. Houve 62.517 homicídios naquele ano no Brasil. Um dado assustador, apavorante.
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Pela primeira vez em sua história, o Brasil ultrapassou o patamar de 30 homicídios por 100 mil habitantes – a taxa nacional foi de 30,3 homicídios em 2016.
Para o Ipea, é como uma queda de um Boeing 737 ou duas bombas químicas por dia.
Um índice alentador: Santa Catarina tem a segunda menor taxa de homicídios entre os Estados com 14,2 mortes por grupo de 100 mil habitantes (984 homicídios em 2016). A taxa mais baixa é a de São Paulo com 10,9 mortes por 100 mil habitantes.
Nacionalmente, 11 Estados apresentaram crescimento gradativo da violência letal nos últimos dez anos. Com exceção do vizinho Rio Grande do Sul, todos eles se localizam no norte e nordeste brasileiro.
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O Estado mais violento, ou seja, com a maior taxa de homicídios do País é Sergipe com 64,7 mortes por 100 mil habitantes.
Um outro ponto: desde 2012 o Rio de Janeiro deixou de apresentar a fase da diminuição dos homicídios e as mortes só cresceram nos últimos anos.
Um panorama ainda mais desolador: 33.590 jovens foram mortos no Brasil em 2016, um aumento de 7,4% em relação a 2015.
Sobre o quadro catarinense é preciso ressaltar que nos dois últimos anos a situação foi bem crítica, com recordes de assassinatos em Florianópolis e Joinville.
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A situação parecia incontrolável com a sangrenta guerra das facções criminosas, crimes bárbaros, chacinas e execuções diárias.
Surpreendentemente, em 2018 o quadro virou e os homicídios começaram a diminuir. Em fevereiro, houve troca no comando da Secretaria de Segurança Pública e dos comandos das polícias Civil e Militar.
Houve desde então uma rotina intensa de operações para sufocar o crime organizado. As ações aliam investigações complexas e intensificação do policiamento ostensivo.
"Queda de cerca de 30% em SC em 2018"
Segundo o secretário da SSP, Alceu de Oliveira Pinto Júnior, os homicídios baixaram cerca de 30% este ano no Estado em comparação com o mesmo período do ano anterior.
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Alceu comentou os dados do Ipea divulgados hoje:
– Embora sejamos a segunda menor taxa, ela ainda é alta em SC diante dos índices internacionais. Eu gosto de comparar Santa Catarina consigo mesma, não com São Paulo que usa uma metodologia diferente. Mas em geral, acredito que pelo perfil catarinense podemos melhorar ainda mais. Este ano já temos queda acentuada de 30% nos homicídios – destaca Alceu.
O secretário garante ter havido crescimento na apreensão de drogas e armas pesadas.
Sobre os dados nacionais, Alceu, que é professor doutor em direito penal e advogado criminalista, enumera algumas medidas que considera essenciais:
– Aprimorar o sistema de prevenção ao crime com oportunidades sociais para tirar a juventude da massa do crime;
– Baixar a força do crime organizado com trabalhos específicos como mapeamento financeiro das organizações criminosas;
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– Atuar no sistema prisional para baixar a entrada de presos e qualificar a saída dos presos em trabalhos de ressocialização.
Homicídios contra negros
Pesquisadores do Ipea consideram uma ferida aberta que piorou nos dois últimos anos: os homicídios contra negros. De cada 100 pessoas que sofrem homicídio no País, 71 são negros.
Segundo os dados, a letalidade contra negros aumentou 23% entre 2006 e 2016.
A taxa de homicídios de negros em 2016 foi de 40,2 por grupo de 100 mil e a de não negros de 16 mortes por grupo de 100 mil.
Homicídios contra mulheres
Em 2016, 4.645 mulheres foram assassinadas no Brasil, o que corresponde a uma taxa de 4,5 mortes para cada 100 mil mulheres. Essa taxa teve crescimento de 6,4% entre 2006 e 2016.
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