O investimento de mais de R$ 9 milhões no complexo prisional da Agronômica praticamente sepulta de vez a promessa da retirada do conjunto de cadeias da área residencial de Florianópolis. Ou então seria o mesmo que rasgar dinheiro caso o Estado decida futuramente demolir o lugar em que projeta agora aplicar vultosa verba.
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Centro cultural, praça pública com área de lazer, condomínios. Foram tantas especulações para a penitenciária nos últimos anos, mas nenhuma ideia saiu do papel. Ex-governadores admitiram imensas dificuldades para retirá-la do coração da Capital, entre prédios e o corre-corre urbano da Agronômica e Trindade.
Luiz Henrique da Silveira (PMDB) ao final de seu segundo mandato como governador reconheceu que não ter desativado a prisão foi uma das suas grandes frustrações. E não há dúvidas que seria um feito e tanto diante da negativa de prefeitos em receber prisão hoje em dia.
Com 86 anos de existência e um de seus prédios tombados, o “Carandiru” de Florianópolis coleciona fugas, rebeliões e mortes. Em fevereiro de 2011, a maior da história prisional de Santa Catarina com a escapada de 78 detentos. A segunda, no mesmo ano, em junho: 72 detentos fugiram, em episódios de medo e pânico na região.
Até hoje há superlotação, alas degradantes, celas contêineres medievais avaliadas como subumanas pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos, pela Justiça e o Ministério Público. Quanto à segurança, uma verdadeira bomba-relógio caso haja rebeliões, confrontos com a polícia e há sim risco de crimes em novas fugas em massa.
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Agentes e o próprio sistema prisional garantem que houve investimentos na parte estrutural para garantir a segurança. Mas são adaptações feitas em uma infraestrutura antiga. “O perigo é no lado externo, pois não tem muro (fundos)”, relembra um agente.
Dentro, o que pode dar problema são descuidos de procedimentos, principalmente de terceirizados considerados pouco experientes e sem o conhecimento técnico exigido na função. Instalações de alarmes sonoros e luminosos de aproximação para detectar e facilitar a localização de invasores, mais guaritas e efetivo de agentes poderiam contribuir na prevenção.
Um olhar ao local com prioridade de ações se faz necessário pelo Estado, afinal são cerca de três mil presos abrigados e milhares de outras tantas pessoas nos bairros em volta. Ou será preciso que o pior aconteça novamente para que se tomem providências?