A proposta de intercâmbio entre policiais ameaçados pelo crime organizado no Brasil começa a ganhar força. O tema foi discutido e defendido na reunião do Conselho Nacional dos Chefes de Polícia (CONCPC), na semana passada, em São Paulo. Em 2016, foram mortos 453 policiais civis e militares no País.

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Eleito vice-presidente na região Sul, o delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Marcos Ghizoni, afirma que o conselho estuda propor a medida a nível nacional. O objetivo é garantir a segurança dos policiais civis diante de ameaças concretas. Ele cita o caso do Rio de Janeiro e as milícias.

O assunto está em fase preliminar de estudos jurídicos. Na prática, Ghizoni afirma que os Estados trocariam um policial civil ameaçado por determinado período de trabalho, cada qual cuidando da sua devida remuneração de origem.

– Temos programas nacionais de testemunhas. Mas e os nossos policiais ameaçados? – indaga Ghizoni, manifestando a preocupação com a realidade cada vez mais crítica em torno das facções criminosas e das milícias no País.

Entre policiais, há dúvidas sobre como ficaria a questão das famílias (se iriam junto ou não no programa), a moradia, entre outros pontos. Em Santa Catarina, a reportagem apurou com policiais civis e militares que houve vários casos de agentes ameaçados de morte, nos últimos anos. A Secretaria de Segurança Pública afirmou que em situações necessárias há acolhimento.

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A situação atinge também agentes penitenciários. Desde 2012, houve no Estado duas mortes de servidores do sistema prisional a mando da facção criada em prisões de SC: em São José e em Criciúma.

O quadro foi tão crítico que escoltas eram comuns a diretores do sistema prisional e de unidades prisionais – ainda hoje haveria equipes que prestam o serviço e o assunto é sempre tratado em sigilo por medidas de segurança.

Ceará criou grupo para investigar crimes contra policiais

No Ceará, desde 2017, há uma delegacia para investigar assassinatos e tentativas contra agentes de segurança. Para o presidente da Associação Nacional dos Praças (Anaspra) e integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Elisandro Lotin, a medida foi positiva e reduziu os crimes contra policiais naquele Estado.

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