Em um ano com explosão de assassinatos em Florianópolis e Joinville, Santa Catarina fechou 2017 com o que já era previsto: a alta de homicídios. Os dados estaduais divulgados pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) na segunda-feira apontam 981 assassinatos de 1º de janeiro a 31 de dezembro, o que representa crescimento de 9,7% em relação a 2016, quando ocorreram 894 homicídios.

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O aumento é o maior desde 2014, conforme o balanço divulgado pela SSP. Naquele ano, houve 756 assassinatos em Santa Catarina, o que se for comparado com a quantidade de 2017 significa uma alta de quase 30%. A consequência direta é a elevação da taxa de mortes por grupo de 100 mil habitantes, um dos principais medidores de violência do mundo.

A taxa catarinense em 2017 ficou em 14 mortes por grupo de 100 mil habitantes. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a média aceitável é até 10 mortes por grupo de 100 mil habitantes e índice acima disso significa problema, o que é observado pela própria SSP – a secretaria reitera que somente acima de 20 mortes por 100 mil seria algo alarmante considerado pela ONU.

 

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Na divulgação das estatísticas, a SSP não contabilizou as mortes violentas como latrocínios (roubos seguidos de mortes) e em confrontos com as polícias Civil e Militar, o que fatalmente elevaria ainda mais o crescimento da violência em Santa Catarina. Confira os números por ano e por região:

ESCALADA DA VIOLÊNCIA
(Não entram nesta conta os latrocínios, as lesões seguidas de morte, óbitos em decorrência de ações das polícias e o assassinato de policiais)
 

Em Florianópolis, por exemplo, o ano passado teve pelo menos 176 mortes violentas, um recorde na história da Capital catarinense. Destas, segundo a SSP, 149 foram homicídios, contra 79 no mesmo período de 2016.

Já em Joinville, foram 127 homicídios no ano passado – em 2016 ocorreram 122. Também houve crescimento de homicídios, por exemplo, nas cidades de Palhoça, Blumenau, Navegantes, Penha, Araranguá, Balneário Camboriú e Balneário Piçarras.

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Apuração da autoria das mortes em queda

Outro balanço que preocupa é a queda da apuração de autoria dos assassinatos pela polícia. Em 2017, o esclarecimento dos homicídios chegou a 48,1%, enquanto em 2016 foi de 51,9%. Sobre a motivação das mortes, 48,7% foram por causa não informada. Depois, aparecem o tráfico de drogas com 23,2%, as desavenças com 17,9% e a motivação passional com 5,2%.

O secretário de Segurança, César Grubba, não quis dar entrevista e o motivo não foi informado. A manifestação do titular aconteceu apenas na divulgação oficial do Estado, como tem acontecido nos últimos anos. Grubba afirmou que “é inegável que a criminalidade está cada vez mais audaciosa e isso é inquietante”.

O secretário disse ainda por meio da assessoria que “temos enfrentado a criminalidade com políticas públicas em conjunto com a sociedade” e destacou a nomeação de 9.344 servidores para a segurança desde 2011. Grubba também ressaltou que Santa Catarina apresenta números bem distanciados da realidade nacional, o que coloca o Estado em permanente condição de destaque.

Grubba garantiu ainda o empenho no combate às facções criminosas, o que segundo policiais é o grande vilão da explosão dos assassinatos no Estado. Isso por causa da vinda da facção criminosa de São Paulo, que busca território do tráfico de drogas. Para isso, os bandidos promovem mortes de integrantes da facção local de Santa Catarina, os quais por sua vez resistem e também matam os inimigos de fora.

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Os confrontos geraram chacinas, invasões de áreas conflagradas, tiroteios e execuções em lugares movimentados em pleno dia. O norte da Ilha de Santa Catarina e o Continente são os principais lugares em que a população convive com o medo e o pavor da ação dos traficantes, em Florianópolis.

Um ponto positivo levado em conta pelo Estado é que em 148 municípios catarinenses não houve homicídio em 2017, ou seja,  índice zero de assassinatos nestas cidades. Um outro detalhe é que, das 147 cidades em que houve registros de mortes, em 59 delas aconteceu um homicídio.

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