Agricultores, produtores e empresários do interior catarinense estão receosos com casos de violência no campo. A queixa principal trata de furtos de animais e roubos a casas e propriedades.
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Quem faz o alerta é o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo.
Em suas palavras: "há um flagelo nas famílias rurais catarinenses com medo dos criminosos e um aumento da criminalidade".
Pedroso conta que a Faesc pediu ao governo do Estado a criação de um programa emergencial de segurança nas áreas rurais.
Uma das propostas é fazer com que a Polícia Ambiental da Polícia Militar passe a atuar contra a criminalidade.
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Zeferino suspeita da ação de quadrilhas especializadas na região de Água Doce, no Meio-Oeste. Cita roubos de animais, implementos agrícolas, maquinários, veículos e insumos, além de invasões de residências (leia entrevista abaixo).
O interior de Santa Catarina costuma ter índices de criminalidade bem abaixo aos dos grandes centros urbanos. Um fenômeno que costuma acontecer esporadicamente é a chamada onda de violência com casos isolados.
No Meio-Oeste e Planalto Norte, por exemplo, na divisa com o Paraná, houve nos últimos anos ações de violentas quadrilhas de assaltantes de bancos em cidades pequenas com baixo efetivo policial e roubos a passageiros de ônibus de excursão nas rodovias.
A informação da Faesc surpreende em um momento de queda na criminalidade em Santa Catarina, em 2018. Houve diminuição de homicídios e dos roubos nas principais cidades.
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Levantamento mostra queda, rebate secretário de Segurança
Indagado a respeito, o secretário de Segurança Pública de Santa Catarina, Alceu de Oliveira Pinto Júnior, se mostrou surpreso com a queixa apresentada pela Faesc.
Alceu afirma que tem acompanhado os levantamentos estatísticos sobre os crimes no interior e garante que não houve aumento.
– O último levantamento nosso sobre abigeato indicava inclusive que os BOs baixaram – declarou.
O secretário disse que está disposto a conversar com a direção da Faesc sobre o assunto.
Entrevista: José Zeferino Pedrozo, presidente da Faesc:
"Não queremos que chegue ao limite"
Houve algum fato específico ou é geral a queixa da violência no campo?
Temos visto isso se suceder periodicamente. Uma hora em uma região, outra hora em outra. Não é ainda desesperador, mas não queremos que chegue ao limite de acontecer alguma coisa. Faz dois anos que trabalhamos nessa direção, seguindo o exemplo de outros Estados que vivem esse drama e fizeram o alerta. Sugerimos parceria com a Polícia Militar usando a proximidade com os produtores para trazê-los ao encontro da polícia e começar a inibir.
O que mais ocorre em SC?
São os roubos de animais. A região do Meio-Oeste, de Água Doce, a de Lages em propriedades materiais onde não tem como o proprietário cobrir toda a área. E também na região Sul do Estado em propriedades menores.
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Sempre são furtos de animais ou há outros crimes?
Temos furtos de residências também. A última que ocorreu foi na casa de um membro de nossa diretoria. Ele saiu com a esposa, quando voltou viu que tinha a luz acesa e ficou preocupado. Entrou e a casa tava virada, em Braço do Norte. A sorte que ele não estava em casa. Temos casos de assaltos a mão armada também. A situação de Água Doce é a mais crítica, chegam com caminhões, carregam até com carretas.
O senhor levou a queixa à Secretaria de Segurança?
Ao atual secretário ainda não. A PM ficou de fazer uma cartilha que nós patrocinaríamos com dicas aos produtores para chamar a atenção. Muitos têm prejuízo e não denunciam, talvez até por receio. Devo me reunir com o comandante e fazer reuniões em regiões de maior ocorrência. Levei isso ao Colombo (ex-governador Raimundo Colombo) na época. O atual comandante da PM (coronel Araújo Gomes) se mostra muito dinâmico. Estou confiante em soluções.