A principal unidade policial responsável pelo combate ao tráfico de drogas em Santa Catarina triplicou as apreensões em 2017 na comparação com o ano anterior. Foram 16 toneladas tiradas de circulação em valor no mercado do crime que alcançaria R$ 25 milhões. Mesmo assim, no meio policial ainda há manifestações de bastidores que faltam ser pegos os grandes patrões da droga que agem no Estado.
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Os dados foram apresentados pela Divisão Especializada de Combate ao Narcotráfico (Denarc) da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), em Florianópolis. Segundo o diretor, delegado Adriano Bini, a divisão foi reestruturada nos últimos três anos e busca atingir a macrocriminalidade com investigações aprofundadas. A equipe é coordenada pelo delegado Pedro Henrique de Paula.
Ao todo foram presas 45 pessoas pela Denarc no ano passado, entre elas uma quadrilha comandada por dois irmãos de Palhoça responsáveis por carregamentos de 15 toneladas de maconha trazidas em caminhões do Mato Grosso do Sul. Quanto ao tráfico conectado com as violentas facções e responsável pelo grande número de homicídios no Estado em 2017, a Deic prometeu divulgar nos próximos dias o balanço do trabalho feito pela Divisão de Repressão ao Crime Organizado (Draco).
As apreensões
2017
Maconha: 16 toneladas / Cocaína: 269 quilos
2016
Maconha: 6 toneladas / Cocaína: 180 quilos
Fonte: Deic
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Entrevista: Adriano Bini, diretor da Deic
“Não são usuáriozinhos tradicionais”
Em relação aos grandes patrões do tráfico, a Deic também tem prendido?
O sinal que a gente está pegando os grandes patrões foi justamente a prisão da organização responsável pelo envio de 15 toneladas (irmãos de Palhoça). Quando se prende muita gente e se apreende pouco, “ah está faltando apreender droga”. As 45 prisões pela Denarc não são um número alto, mas são de qualidade, de pessoas que não são “usuáriozinhos” tradicionais e na grande maioria pessoas que coordenavam grandes redes de tráfico.
Não são mulas (transportadores) a grande maioria presa?
Alguns são mulas. Essa quadrilha de Palhoça era responsável por três carregamentos de drogas apreendidas. É o que foi comprovado, imagina o que já haviam trazido para SC. O próprio magistrado decretou o sequestro dos bens e das contas bancárias.
Mas e os patrões violentos, das facções criminosas?
A rede do tráfico que veio para SC, a sua grande maioria da maconha, tem origem no Mato Grosso do Sul. A conexão foi muito grande. Estamos fortalecendo as parcerias com a Receita Federal e a própria Polícia Rodoviária Federal. Houve vários trabalhos com facções em parceria com a Draco (Divisão de Repressão ao Crime Organizado). Há conexões em consórcios para trazer a droga. Nem sempre os traficantes acabam se envolvendo em disputas violentas e às vezes não diretamente.
E em relação aos grandes traficantes que agem de presídios?
A maioria deles está em presídio federal. Como é que nós vamos fazer a conexão, a interligação com o patrão que está recolhido por exemplo em Mossoró (Rio Grande do Norte)? A responsabilidade no âmbito da Polícia Civil é dentro do Estado. Quando envolve vários Estados e até internacional a competência é da Polícia Federal. A nossa parte estamos tentando fazer. Eu desconheço qual foi a especializada em âmbito estadual que apreendeu mais drogas que a Denarc em 2017 no País.
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