Críticas ao sistema prisional, à falta de integração entre as inteligências das polícias e a velocidade das organizações criminosas foram alguns dos principais pontos abordados pelo delegado Romano José Carneiro da Cunha, nesta manhã, em Florianópolis.
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Coordenador-geral de inteligência da Secretaria Nacional de Segurança Pública, ele foi o palestrante de abertura do V Seminário de Ciência, Tecnologia e Inovação em Segurança Pública, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
– Nós sabemos onde ele está (o crime organizado), nos presídios, dentro de uma faculdade, com conexão e redes. Chega a ser surreal dizer a alguém de outro país que aqui prendemos alguém que já está preso. O sistema penitenciário precisa ser resolvido com uma visão diferenciada – disse Romano.
Ele pontuou que a ressocialização no atual cenário se torna muito complexa ou impossível para aqueles que nunca foram socializados, reclamou da dificuldade de recursos na área, mas não pontuou saídas específicas para o impasse nas cadeias brasileiras.
O coordenador de inteligência afirmou que a inteligência policial não é a única solução e pediu o fim das brigas institucionais nas polícias.
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– Tem delegacia que não fala com a outra, batalhão que não passa informação. E não adianta só ter informação, o essencial é ter dado e processar. O maior desafio é a atuação em rede – exemplificou.
Romano considera que Santa Catarina está a um passo a frente em tecnologia em relação aos demais Estados. Ele apontou também necessidade de investimentos contra corrupção e lavagem de dinheiro e nas fronteiras.
Secretário de Segurança destaca queda em crimes
No discurso, o secretário de Segurança Pública, Alceu de Oliveira Pinto Júnior, garantiu que houve queda no primeiro semestre de 15% nos homicídios e de 30% nos roubos no Estado, em comparação com o mesmo período do ano passado. Citou investimentos de R$ 20 milhões em segurança.
Diminuição de investimentos em pesquisa
O pró-reitor de pesquisa da UFSC, Sebastião Soares, lamentou no evento a diminuição de recursos em pesquisa pelo Estado neste ano. Segundo ele, do percentual de 2% da arrecadação estadual que deveria ser aplicado na área, apenas 0,3% desse valor foi repassado, o que afirma ser desrespeito à legislação.
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– Os cortes de recursos para a pesquisa estão aumentando e a tendência é piorar. Há necessidade de reação e que as universidades inovem em pesquisas – declarou.
O evento prossegue até sexta-feira com temas sobre o crime organizado e inteligência.
Livro sobre gestão é lançado
Também foi lançado hoje o livro "Gestão do conhecimento na atividade de inteligência de segurança pública", de autoria do policial militar Jocemar José Freire, Sandra Aparecida Furlan e José Luiz Gonçalves da Silveira.
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